manifestação do passe livre

Pessoas revistadas antes do ato foram escolhidas por ‘conduta’ e ‘potencial’, diz PM

Prisão de manifestantes antes mesmo do início do ato de ontem contra o aumento da tarifa do transporte público foi defendida pelo comando da Polícia Militar como uma 'ação preventiva'

Mídia Ninja. CC

A prisão arbitrária foi defendida pela PM como uma postura fundamental para evitar problemas

São Paulo – A prisão de manifestantes antes mesmo do início do ato de ontem (3) contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo foi defendida pelo comando da Polícia Militar como uma “ação preventiva” contra a violência.

Em entrevista coletiva na manhã de hoje, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, e o responsável pelo policiamento da região central, coronel Reinaldo Simões Rossi, explicaram que a escolha das pessoas abordadas se deu pela “conduta” que apresentavam, que segundo eles indicava o pertencimento a grupos que realizaram atos de vandalismo em manifestações anteriores.

“Pela conduta e atitudes das pessoas, baseados na experiência das manifestações anteriores, pudemos ver quem tinha potencial para participar dos grupos que realizaram ações violentas”, afirmou o coronel Reinaldo. “Foi uma ação preventiva importante. Nas primeiras revistas que fizemos recolhemos 2 ou 3 coquetéis molotov. Também encontramos rojões, martelo e outro objetos que poderiam ser usados como armas, está tudo fotografado”, afirmou. Questionados sobre a prisão de manifestantes por carregarem vinagre – que ajuda a combater os efeitos das bombas de gás lacrimogêneo –, os policiais se esquivaram de responder.

O coronel Reinaldo detalhou a visão da PM sobre a ação, que mobilizou 600 homens da tropa tática, 500 da tropa de choque e perto de 50 policiais de trânsito. Segundo ele, o problema começou quando as lideranças da manifestação descumpriram o acordo e mudaram o trajeto, que previa a finalização do ato na praça Roosevelt, para chegar até o Parque do Ibirapuera, em frente à Assembleia Legislativa do Estado. “Procuramos as três lideranças que haviam negociado o primeiro trajeto conosco, mas não os encontramos”, afirmou.

Reinaldo afirma que nesse meio tempo, um grupo de manifestantes começou a subir a Consolação e arremessar objetos contra a polícia, que reagiu, inicialmente com uma tropa tática que acompanhava a manifestação. Ainda segundo ele, a Tropa de Choque reagiu apenas depois de ser chamada pelo comando da ação – versão que vai e encontro à de ativistas e jornalistas presentes, que atribuem o início do confronto à Tropa de Choque.

O coronel Benedito afirmou que a participação da Tropa de Choque não faz parte do policiamento preventivo e só foi acionada posteriormente, sob seu comando. “Não foi por causa das mudanças de roteiro, a polícia não impediu ninguém de ir para nenhum lugar. Mas aconteceram casos de violência”, disse, afirmando que o Choque mais uma vez estará de prontidão na segunda-feira, quando está agendada nova passeata do movimento.

Os policiais consideraram os casos de violência sofridos por profissionais da imprensa como “risco da profissão”. “Se estivessem no Parque Dom Pedro na terça, poderiam ter sido feridos por um coquetel molotov dos manifestantes”, disse Reinaldo. “O repórter, quando cobre uma situação dessas, tem duas opções. Se acompanhar a PM, pode ser atingido por pedras ou morteiros dos manifestantes. Se acompanhar os  manifestantes, pode ser atingido pela munição usada pela polícia, as armas químicas e o elastômero”, minimizou.

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