Passe livre

‘Repressão ao trabalho dos jornalistas compromete a democracia’, diz deputada tucana

Porém, para Maria Lúcia Amary, 'não tem como não reprimir manifestações violentas' e culpa de repressão cabe a Haddad, a quem atribui 'falta de diálogo'

Presidenta da Comissão de Constituição, Justiça e Redação diz que prefeito de São Paulo se omitiu

São Paulo – A deputada estadual Maria Lúcia Amary (PSDB), presidenta da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa de São Paulo, diz que está preocupada com “ações que não cabem numa democracia”. Ela se refere a dois aspectos da manifestação pela redução das tarifas do transporte público em São Paulo, ontem (13). “A repressão ao trabalho dos jornalistas compromete a democracia. Outra coisa é o comportamento dos manifestantes, com depredações e vandalismo. Uma manifestação não pacífica acaba ganhando a antipatia popular, prejudicando a segurança da população, e perde um pouco o foco da luta”, afirma a parlamentar.

Para ela, “parece haver um inconformismo da população contra a inflação camuflada pelo governo federal e comportamentos de políticos que fazem com que os jovens percam um pouco a vontade de participar da vida política”. Entretanto, acredita que “a infiltração de baderneiros na manifestação é que compromete a luta inicial” e que “não tem como não reprimir manifestações violentas”.

Maria Lúcia Amary critica o que considera omissão do prefeito Fernando Haddad (PT). “Existe falta de diálogo do prefeito de São Paulo com a população. A responsabilidade é dele a partir do momento em que deveria ter chamado o governo estadual e federal para fazer uma ação conjunta. Ele deixou a coisa solta e aconteceu o que aconteceu.”

Para a deputada, a situação é preocupante. “Está virando uma guerra civil: população contra população, população contra polícia, polícia contra população. É a imagem do nosso país que vai lá para fora, mostrando um país desorganizado do ponto de vista social”, afirma. “Teoricamente a luta é contra o aumento da passagem de ônibus, mas perdeu um pouco da sua origem na medida em que começa a depredar os próprios coletivos.”

O deputado Adriano Diogo (PT) diz que a situação “é uma orquestração para dizer que o país está mergulhado no caos, numa profunda baderna, que a Dilma não governa, que Haddad aumentou a passagem de ônibus”, acredita Diogo. “Eles falam que o movimento dos jovens é pelo aumento das passagens de ônibus, o que é uma mentira, porque o aumento é do metrô, de ônibus, do transporte em geral.”

“Não posso concordar. Não estamos apostando no caos. A política do governador não é de violência, é de preocupação com a segurança por meio de ações que ele vem fazendo de todos os lados, na polícia de inteligência, na parte de equipamentos, quando ele combate o crack”, responde Maria Lúcia. “A polícia está apreendendo armas e drogas, e combatendo o crime organizado. O governo federal não cuida de nossas fronteiras, não cuida do espaço aéreo, de onde vêm”.

A presidenta da CCJR da Assembleia afirma ainda que “o PT está tendo que enfrentar agora o que eles sempre fizeram, e não estão sabendo como agir, e ficam jogando a responsabilidade no governo de São Paulo”.
Apesar das críticas, ela diz que a solução para o impasse é o diálogo. “Não se trata de jogar a culpa um no noutro. As três esferas, municipal, estadual e federal, têm de se juntarem, que é o que o governador de SP está tentando fazer”, garante.

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