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Repressão da PM não poupou jornalistas que cobriam protesto em São Paulo

Repórter da Rede Brasil Atual foi agredida por policiais quando procurava um local reservado para fazer suas anotações

folha.com

Uma das vítimas, a repórter Giuliana Vallone, da Folha de S.Paulo, teve um ferimento grave no olho

São Paulo – Por volta das 22h30 desta quinta-feira (13), quando procurava um lugar mais reservado para fazer anotações, a repórter Gisele Brito, da Rede Brasil Atual, acompanhada por dois jornalistas do portal Terra, foi surpreendida por um grupo de policiais militares que os agrediu com golpes de cassetetes sem motivação alguma. Os três iam se sentar para elaborar suas matérias sobre a cobertura que faziam desde o final da tarde da manifestação contra a tarifa do transporte público, quando tiveram de sair correndo da lateral do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, acuados pela violência gratuita. Não tinham para onde correr, impedidos por espelhos d`água que ladeiam o museu.

O primeiro golpe Gisele recebeu na nuca. Depois outros nas pernas. Assustada, correndo dos policiais, quando olhou para trás, foi agredida novamente, desta vez no rosto. Está machucada e com dores. Os óculos quebraram no meio de toda essa violência. Pela manhã vai registrar Boletim de Ocorrência, conforme orientação que recebeu de uma defensora pública. Não vai surpreender se for enquadrada por formação de quadrilha, como ocorreu com outros profissionais da imprensa.

O caso de Gisele não foi, nem de longe, isolado. A noite de terror para os manifestantes foi acompanhada de repressão à atividade jornalística. Em nenhum momento foi respeitado o direito do ofício: como responsável por levar informações à sociedade, o repórter exercendo função não pode, de maneira alguma, ser reprimido. Mas não foi o que se viu esta noite.

Segundo o portal Terra, a repórter Marina Novaes teve de se refugiar das bombas lançadas pela polícia na garagem de um prédio próximo à praça Roosevelt, junto de um grupo de outras pessoas. A polícia isolou a área e levou o grupo para o camburão. Ela só foi dispensada depois que se apresentou como jornalista.

A sanha repressiva da PM teve em sua primeira leva de vítimas o repórter Piero Locatelli, da revista semanal Carta Capital. Piero foi detido por “porte de vinagre” e levado para o 78º Distrito Policial, na região dos Jardins, de onde foi liberado horas depois. Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou a postura da corporação.

Apresentar-se como jornalista não foi garantia de tranquilidade do direito de exercer o ofício. O fotógrafo do Terra Fernando Borges também foi detido enquanto cobria a manifestação, mesmo apresentando identificação de profissional de imprensa. Ele passou 40 minutos de frente para a parede, na posição de “batida” policial, com mãos nas costas.

O jornal Folha de S.Paulo informou que sete profissionais da empresa foram atingidos. Dois levaram tiros de balas de borracha no rosto. Uma das vítimas, a repórter Giuliana Vallone, teve um ferimento grave no olho.

Vários repórteres, fotógrafos e cinegrafistas foram atingidos de maneira indiscriminada pelo uso de jatos de spray de pimenta, principalmente no momento da concentração dos manifestantes, quando a PM sequer permitia a aproximação dos profissionais de imprensa para dialogar. Um deles foi o repórter do jornal Metro Henrique Beirange.

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