Repressão policial

‘Foi mais do que truculência policial. Foi tortura’, diz Paulo Vannuchi

'Para os jovens que desejam saber como era o ambiente no tempo da ditadura, digo que era o ambiente desta quinta à noite', afirma colunista da Rádio Brasil Atual

Ninja/CC

Para Vannuchi, no ato de ontem (13) a postura de vandalismo foi da Polícia Militar

São Paulo – O ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Paulo Vannuchi afirmou que a postura da Polícia Militar de São Paulo é inaceitável para uma democracia. Ele argumentou que a repressão a manifestantes e jornalistas faz relembrar os tempos da ditadura (1964-1985) e cobrou que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) revise sua posição.

“Um PM com raiva e ódio no rosto disparando spray de gás de pimenta contra um cinegrafista. As imagens de dias de um jovem jornalista do Projeto Aprendiz preso, e que policiais cercam o jovem, jogam no chão e o espancam. Isso não é repressão e truculência apenas. Isso é tortura. A tortura tem lei específica no Brasil desde 1997. É um crime inafiançável”, disse o colunista da Rádio Brasil Atual.

“Os policiais atiraram bombas e feriram jornalistas, marca do período da ditadura. Para os jovens que desejam saber como era o ambiente no tempo da ditadura, digo que era o ambiente de ontem à noite: a PM decide que não pode subir pela Consolação, interrompe e começa a disparar a torto e a direito.”

O analista político disse que o governador Geraldo Alckmin e o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, devem decidir entre cumprir ou não a lei: “Eles estão chamados a decidir entre seguir convicções democráticas, instaurar inquéritos para valer e punir os comandantes da operação ou deixar de lado o respeito à lei e reforçar o viés conservador muitas vezes presente nas atitudes do governo do estado”.

De outro lado, o ex-ministro pediu ajustes na organização das manifestações, indicando que a autogestão pode impôr algumas dificuldades. “O problema ocorre nos momentos em que um movimento como esse atinge a força que atingiu nessas manifestações. O movimento não pode sentar em frente aos poderes municipal e estadual e dizer que perderam o controle. Os movimento não pode agir apenas pela sua convicção, é preciso levar em conta a ética da responsabilidade e se assumir responsável pelo que se faz e o que se propõe. Assim funciona a democracia”, diz o ex-ministro.

Vannuchi ressaltou a heterogeneidade dos manifestantes e condenou as depredações feitas por grupos que considerou “sectários”: “As depredações não são puxadas pelos jovens que protestam contra o aumento da tarifa, mas sim por grupos sectários anti-petistas que aproveitam o episódio para fazer um gestos com conotação anti-democrática, que não respeita a opinião da maioria”.

Ouça a coluna de Vannuchi na Rádio Brasil Atualna íntegra.

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