Repórter atingida por bala de borracha nos olhos passa bem

Violência

©folha.com

São Paulo – A repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, atingida nos olhos por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar durante a repressão à manifestação contra a alta das passagens de ônibus na capital, publicou seu relato pessoal sobre os episódios da noite da quinta-feira (13). Em seu perfil no Facebook, ela comunicou também que, aparentemente, não sofrerá sequelas do ferimento. “Felizmente, meu globo ocular não aparenta nenhum dano.”

Giuliana protagonizou um dos muitos casos de agressão policial a profissionais de imprensa que estavam trabalhando na cobertura do quarto dia de protestos organizados pelo Movimento Passe Livre, contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo, em vigor desde o dia 2.

A repórter da Folha conta também que foi alvejada em um momento em que não havia “nenhuma manifestação violenta ao meu redor”, reforçando os testemunhos de excessos policiais cometidos durante o ato público.

Giuliana Vallone agradece a solidariedade e apoio recebidos e finaliza sua mensagem com um recado: “Acho que o que aconteceu comigo, outros jornalistas e manifestantes, mostra que existem, sim, um lado certo e um errado nessa história. De que lado você samba?”.

Leia a íntegra da nota da jornalista

Queridos,
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todas as manifestações de carinho e preocupação recebidas dos amigos e também de pessoas que não tive a oportunidade de conhecer. Vocês são incríveis.

Agora, o boletim médico: passei a noite no hospital em observação. A tomografia mostrou que não há fraturas nem danos neurológicos. A maior preocupação era o comprometimento do meu olho, que sofreu uma hemorragia por causa da pancada. Felizmente, meu globo ocular não aparenta nenhum dano. E agora, ao acordar, percebi a coisa mais incrível: já consigo enxergar com o olho afetado, o que não acontecia quando cheguei aqui. Fora isso, estou muito inchada e tomei alguns pontos na pálpebra.

Sobre o aconteceu: já tinha saído da zona de conflito principal –na Consolação, em que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência– quando fui atingida. Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua. Tentei ajudar uma mulher perdida no meio do caos e coloquei ela dentro de um estacionamento. O Choque havia voltado ao caminhão que os transportava. Fui checar se tinham ido embora quando eles desceram de novo. Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho.

Cobri os dois protestos nesta semana. Não me arrependo nem um pouco de participar desta cobertura (embora minha família vá pirar com essa afirmação). Acho que o que aconteceu comigo, outros jornalistas e manifestantes, mostra que existem, sim, um lado certo e um errado nessa história. De que lado você samba?