Setor financeiro

Dieese apura fechamento de 4.171 vagas de emprego bancário em 12 meses

“Os bancos, para ampliar a rentabilidade, têm promovido a redução do custo operacional com demissões”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro

Divulgação / Bancários TO
Divulgação / Bancários TO
“O sindicato mantém uma luta constante contra o fechamento de vagas e por melhores condições de trabalho"

São Paulo – A Pesquisa do Emprego Bancário (PEB) sobre o primeiro bimestre de 2024, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), aponta uma eliminação de 4.171 postos de trabalho bancário no resultado acumulado dos últimos 12 meses.

O Setor Bancário apresentou abertura de vagas em janeiro (+796 vagas) e fevereiro (+278 vagas). No bimestre, o setor criou 1.074 postos de trabalho. Mas o resultado positivo no bimestre se dá por conta da convocação de aprovados em concurso do Banco do Brasil, uma reivindicação do movimento sindical. No acumulado dos últimos 12 meses, no entanto, o saldo é negativo, como mostra o Dieese.

“Nos últimos 12 meses foram eliminados mais de 4 mil postos de trabalho. O fechamento de postos de trabalho na categoria é um movimento acelerado e bastante complexo. Não se trata somente de mudanças de cunho tecnológico. Os bancos, para ampliar a rentabilidade, têm promovido a redução do custo operacional com demissões. Há também as transferências do emprego bancário para outras empresas do grupo, forma fraudulenta para precarizar o trabalho”, afirma Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional da categoria.

“O Sindicato mantém uma luta constante contra o fechamento de vagas e por melhores condições de trabalho, denunciando os bancos, reivindicando na mesa de negociação, defendendo os trabalhadores e exigindo atendimento de qualidade para a sociedade”, diz Neiva.

Aprovados em concurso

Na análise dos dados dos dois primeiros meses de 2024, verifica-se uma abertura de 1.074 postos de trabalho. “O resultado positivo no bimestre é explicado por conta da convocação de aprovados em concurso do Banco do Brasil”, alertou o economista Gustavo Cavarzan, do Dieese. “Basta ver que a ampliação de vagas no período está associada, particularmente, à criação de vagas de ‘escriturário’. Se desconsiderarmos esta movimentação extraordinária, o saldo seria de 543 postos de trabalho a menos neste período”, explicou.

O secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Walcir Previtale, também ressalta o risco da análise de aumento pontual de postos de trabalho bancário.

“A redução de postos de trabalho nos bancos já é uma constante. Em 2023, houve um pequeno aumento apenas no mês de outubro. Em todos os demais, houve redução. Então, apesar da recuperação econômica em andamento no país, e dos repetidos aumentos nos lucros dos bancos, é um erro achar que está havendo crescimento de postos de trabalho bancário”, observou.

Realidade oposta

Mas, ao se analisar o saldo do emprego bancário no ramo financeiro, do qual o setor bancário faz parte, verifica-se uma realidade oposta. Mesmo com o setor bancário puxando o número de vagas para baixo, nos últimos 12 meses, o setor criou 20,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, uma média de criação de 1,7 mil postos/mês, com destaque para as cooperativas de crédito e os securitários, que juntos criaram 16,3 mil postos de trabalho no período.

O saldo no primeiro bimestre de 2024, excluindo a categoria bancária, é de 4.764 postos de trabalho, quase seis vezes mais do que no mesmo período de 2023, novamente com destaque para o crédito cooperativo (+1.949 vagas), que desta vez é acompanhado pelos planos de saúde (+1.062 vagas).