Transporte Público

Prefeitura ignora audiência, e manifestantes vão às ruas esperando maior aparato policial

Movimento Passe Livre promete se desdobrar para que participantes do protesto não entrem nas provocações da PM. 13 continuam presos, apesar de dois já terem pago fiança

Um dos representantes do MPL considera que a prisão tem a intenção de colocar medo nos manifestantes

São Paulo – “Hoje (13) esperamos um aparato policial bem mais forte”, reconhece Mateus Preis, membro do Movimento Passe Livre (MPL), organização que convocou para as 17h, em frente ao Teatro Municipal, a quarta manifestação consecutiva pela redução da tarifa de transporte público em São Paulo. Os protestos, que cresceram ao longo do tempo, exigem que ônibus, trens e metrô voltem a cobrar passagem de R$ 3, como ocorria até dia 2. O valor agora é R$ 3,20.

“Teremos de fazer trabalho redobrado para conter qualquer tipo de conflito”, continua Preis, que atuou como negociador do MPL junto ao comando do operativo policial na última passeata. “O governo já avisou por meio da imprensa que vai mandar a Tropa de Choque para acompanhar a gente desde o começo. Nossa estratégia será a de sempre: vamos dialogar com as pessoas dentro da manifestação e manter uma organização forte na frente do ato. Teremos novamente negociador com a PM, como sempre fazemos, para ver se conseguimos segurar a repressão policial.”

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Preis conta que a prefeitura de São Paulo não respondeu a pedido de audiência protocolado pelo MPL junto à administração municipal. Os organizadores da mobilização queriam sentar com membros do poder público ontem (12) para pedir o cancelamento do reajuste. “Depois que teve a reunião no Ministério Público, que pegou mal para a prefeitura, porque não mandaram ninguém que pudesse resolver, eles ligaram dizendo que gostariam de marcar uma reunião”, explica. “Mas não há nenhuma comunicação oficial. Não sabemos o que querem fazer.”

Enquanto a prefeitura não toma posição e o governo do estado dá sinais de que vai endurecer a repressão policial, 13 dos 19 manifestantes que foram detidos na manifestação de terça-feira (11) continuam presos. Isso apesar de o MPL ter pago a fiança de dois deles – acusados de dano, desacato e lesão corporal – no valor de R$ 3 mil cada. De acordo com Douglas Belome, militante do MPL que monitora a situação dos detidos, os manifestantes cuja fiança já foi paga foram levados para o presídio do Tremembé, em Taubaté (SP), na manhã de hoje, mesmo após o alvará de soltura já ter sido emitido pela justiça. Outros dois também estão lá.

“Alegaram que o alvará não chegou a tempo e não puderam liberar”, relata, informando que, até então, os quatro jovens se encontravam no Centro de Detenção Provisória do Belém II, na zona leste. “A justiça já expediu outro, mas não sabemos a que horas vai chegar até o presídio nem quando serão liberados.” Para o representante do movimento, a transferência dos presos é mais uma evidência da “prisão política” a que estão sendo submetidos. “É uma tentativa de criminalizar toda a mobilização contra a redução da tarifa.”

A única menina entre os 13 detidos foi transferida para o presídio de Franco da Rocha. Os outros dez manifestantes, que respondem por formação de quadrilha, permanecem, segundo Belome, no 2ª Distrito Policial, no bairro do Bom Retiro. “Na delegacia, o que houve foi um leilão de boletins de ocorrência”, avalia o jovem ao falar das acusações impetradas aos colegas. “Pegaram os quebra-quebras e imputaram deliberadamente a essas pessoas. As que foram presas caíram de paraquedas. Depois de dispersarem a manifestação, foram atrás de gente para prender.”

O fechamento dos cartórios hoje excepcionalmente às 16 horas, por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo, impossibilitou o trabalho dos advogados de defesa, que ficaram assim impedidos de entrar com recursos e habeas corpus para reverter as prisões. A razão oficial é a greve dos funcionários da Companhia Paulistas de Trens Metropolitanos (CPTM), que paralisou três linhas do sistema total ou parcialmente nesta quinta-feira.

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