Repercussão

ONG denunciará violência policial no protesto em São Paulo à ONU

Conectas cobra também apuração dos casos de violência pela Corregedoria da Polícia Militar, pelo Ministério Público, pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)

cc/ninja mídia

São Paulo – A organização não governamental Conectas Direitos Humanos informou em nota que irá denunciar a repressão policial aos manifestantes e jornalistas durante o protesto contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo ontem (13) aos relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) para a liberdade de expressão e prisões arbitrárias. A entidade também informou que está em contato com redes nacionais e estrangeiras.

Segundo a Conectas, a sociedade exige explicações a respeito da ação e deve cobrar a responsabilização dos envolvidos. “A violenta repressão policial ocorrida ontem em São Paulo contra milhares de cidadãos que protestavam deve ser apurada com urgência e rigor pela Corregedoria da Polícia Militar, pelo Ministério Público e pelas autoridades políticas responsáveis pela ação, notadamente o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin”, diz a nota. A entidade também cobra a realização de audiência pública com o secretário de Segurança Pública do estado, Fernando Grella, e com o secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili.

O uso ilegal da força, segundo a ONG, foi desencadeado por uma “ordem política ilegal”, que já tinha como objetivo cercear a liberdade de associação, de manifestação, de livre expressão e de circulação dos manifestantes. A Conectas também chama atenção para o desrespeito à liberdade de expressão exercido na imprensa presente na manifestação, “especialmente quando a polícia deliberadamente dispara munições não letais na direção em que se concentravam os fotógrafos e jornalistas que cobriam os eventos”.

A nota também chama a atenção pela ação do poder público ter ser resumido, basicamente, à repressão e à força policial. “Ao resumir a ação do Estado à simples repressão dos manifestantes, o governo mostrou mais uma vez como enxerga seu papel – de maneira estreita, truculenta e desprovida do menor interesse em equilibrar os imperativos da liberdade e da segurança.”

O quarto protesto contra o aumento das passagens de ônibus acabou com mais de 230 presos, e, segundo o Movimento Passe Livre, organizador das manifestações, mais de 100 feridos. Entre eles, jornalistas e fotógrafos foram atingidos por balas de borrachas e agredidos com cassetetes.

Desde janeiro de 2006, a ONG Conectas tem status consultivo junto à ONU e desde maio de 2009 dispõe de status de observador na Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos.

Mais sobre manifestações contra aumento da tarifa:
>>
Justiça liberta presos da manifestação de terça em São Paulo; um continua detido
>> ‘Foi mais do que truculência policial. Foi tortura’, diz Paulo Vannuchi
>> Sindicato vai pedir que Ministério Público investigue agressões da PM contra jornalistas
>> ‘Repressão ao trabalho dos jornalistas compromete a democracia’, diz deputada tucana
>> Psol critica ‘governantes do prende e arrebenta’ por reação violenta a manifestação em SP
>> ‘Vinagre pode virar bomba’, diz coronel que comandou ação da PM em São Paulo
>> Vai à manifestação de segunda? Saiba qual vinagre faz seu tipo
>> Alckmin aposta na provocação e no ‘quanto pior, melhor’, diz deputado petista
>>
Manifestantes cercados e atacados pela força policial: democracia, só que não
>> ‘PM mirava no rosto’, diz cinegrafista da TVT que tomou três tiros durante manifestação
>> PT de São Paulo condena criminalização do movimento contra tarifa
>> Secretário defende ação da PM em São Paulo e diz que investigará ‘aspectos pontuais’
>> Alckmin não vê truculência da PM e diz que vai apurar ‘excesso pontual’
>> Comandante da PM também participou de agressões, afirma advogado do movimento
>> Associação diz que ataques da PM a jornalistas foram ‘deliberados’
>> ONG denunciará violência policial no protesto em São Paulo à ONU
>> ‘Não houve agressão, houve defesa’, diz Polícia Militar de São Paulo
>> Movimento de direitos humanos pede que ordem para repressão seja investigada
>> Prefeito nega redução de passagem e diz que não vai se submeter a ‘jogo de tudo ou nada’
>> Repórter atingida por bala de borracha nos olhos passa bem
>> Haddad agora diz que violência policial nos protestos contra aumento é ‘lamentável’
>> Autoritarismo da polícia de Alckmin termina com 235 pessoas detidas
>> PM ignora riscos e usa gás lacrimogêneo vencido contra manifestantes em São Paulo
>> Movimento contra tarifa não se intimida com repressão e convoca novo protesto em SP
>> Repressão da PM não poupou jornalistas que cobriam protesto em São Paulo
>>
Alckmin demonstra vontade de bater, e Haddad erra ao atribuir violência a movimento
>> Anistia Internacional: discurso de autoridades sinalizando mais repressão é preocupante
>> PM vandaliza São Paulo, prende mais de 150, bate em jornalistas e sonega informações
>> Prefeitura ignora audiência, e manifestantes vão às ruas esperando maior aparato policial

Leia também

Últimas notícias