Greve

Vinte mil servidores nas ruas cobram de Ricardo Nunes melhores condições de trabalho

Categoria realizou manifestação no centro de São Paulo e decidiu pela continuação da greve, que completou uma semana

Elineudo Meira / @fotografia.75
Elineudo Meira / @fotografia.75
Durante a assembleia, os servidores decidiram pela continuidade da greve por tempo indeterminado. Eles deflagraram o movimento no último dia 12

São Paulo – Cerca de 20 mil servidores do município de São Paulo, em greve, realizaram nesta terça-feira (19) ato com assembleia no centro da capital paulista. A manifestação começou por volta das 12h em frente ao prédio da prefeitura, com caminhada até a Câmara Municipal. Lá, os vereadores apreciam projeto de lei (PL 155) de autoria do bolsonarista Ricardo Nunes (MDB), que exclui qualquer forma de negociação com os trabalhadores. No texto, o prefeito propõe 2,16% de aumento para a categoria. A contraproposta dos servidores é de 16%, além de melhorias na qualidade de trabalho e fim das privatizações.

Durante a assembleia, os servidores decidiram pela continuidade da greve por tempo indeterminado. Eles deflagraram o movimento no último dia 12. O movimento é unificado e reúne diferentes entidades de representação dos trabalhadores. A maior parte delas reunidas em duas organizações. Primeiro, o Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores Públicos de São Paulo que engloba, por exemplo, o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep). E também a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc).

Assembleia dos servidores municipais de São Paulo na Câmara Municipal. (Foto: Alexandre Linares/Sindsep)

Continuidade da greve

Agora, os servidores agendaram uma nova agenda de mobilizações. “Concluímos nossa assembleia. A decisão é de continuar a greve com manutenção da rejeição da proposta que o prefeito mandou para a Câmara. Agora, vamos exigir que os vereadores coloquem na pauta nossas reivindicações de 16% de reajuste linear, incorporação do abono da Educação, defesa das carreiras, mais concursos e o fim do confisco de 14% dos aposentados. Esse é nosso lema, por isso continuamos em greve”, disse à RBA o secretário de imprensa do Sindsep, Vlamir Lima.

“Também decidimos por manter vigília na Câmara. Como o projeto tramita a partir de hoje na Casa, faremos a vigília. Então, vamos conversar com vereadores e exigir que atendam nossas reivindicações. Vamos pedir para que eles conversem com o prefeito Ricardo Nunes. Pedimos sensatez. Essa é a decisão. Depois continuaremos a mobilização e a luta com a paralisação”, completou o sindicalista. Inicialmente, essa vigília está programada para os próximos dois dias (20 e 21). Além disso, há previsão de nova assembleia para a próxima segunda-feira (25).

Consenso

A educadora infantil e presidenta do Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin), que integra o Coeduc, Claudete Alves, reforçou a necessidade da greve. “Vamos explicar para o prefeito. Trabalhamos na educação infantil com salas com mais de 30 crianças, sozinho. Isso é bom senso?”, disse, em resposta a Nunes, que pediu “bom senso” dos servidores. “Bom senso é trabalhar sofrendo todo tipo de violência sem suporte nenhum. É trabalhar sem apoio para as crianças que têm deficiência e tendo que dar conta.”

“Todos os educadores, independente da função, têm que trabalhar em ano eleitoral no meio do pó. Porque ele tenta ganhar as eleições neste ano. Ele disse que temos que ter bom senso. Ele está fazendo obra até no túmulo da avó dele. E temos que conviver nas nossas escolas com pessoas trabalhadoras. Então, é mais oneroso, penoso. Por isso temos 8 mil educadores de licença, readaptados, porque não temos, na maior cidade da América Latina, condições dignas de trabalho. Mas temos garra e amor a nossa profissão. E temos bom senso para saber que amor não paga nossos boletos”, completou.

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