Servidores em greve são hostilizados em ato de pré-campanha de Ricardo Nunes
Prefeito foi até uma UPA em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, para ato de pré-campanha. Lá, encontrou servidores que estão em greve. Sua comitiva reagiu de forma agressiva
Publicado 14/03/2024 - 18h32
São Paulo – Boa parte dos serviços públicos do município de São Paulo amanheceu paralisada nesta quinta-feira (14). A greve unificada dos servidores cobra da gestão Ricardo Nunes (MDB) uma negociação efetiva em torno de diferentes pautas. Entre elas, a campanha salarial. Parte das entidades representativas dos trabalhadores pede 16% de reajuste. Enquanto isso, o prefeito bolsonarista oferece 2,16%. “Um desrespeito”, avalia a categoria. Nesta manhã, candidato à reeleição, Nunes esteve na UPA Tito Lopes, em São Miguel Paulista, zona leste, para ato de pré-campanha.
Lá, o bolsonarista demonstrou incomodo com as reivindicações dos trabalhadores e colocou seus guardas para arrancar cartazes com reivindicações. “Fomos surpreendidos de forma truculenta por pessoas que estavam lá, inclusive sem identificação e armadas. Fizeram um cordão e foram bastante agressivos. Pegaram no meu braço, me empurraram e tocaram nos meus seios”, disse a servidora e dirigente sindical Luana Bife, que estava no local.
Luiz Pardini, servidor do Samu e dirigente do Sindsep, afirma que o prefeito já está em campanha e que o ato conseguiu chamar a atenção da administração. Ele relata que o ato foi pacífico, mas que pessoas da comitiva do prefeito começaram a hostilizar os trabalhadores. “Conseguimos chamar muita atenção e incomodamos muito eles”, disse. Manoel da cruz, coordenador da região Leste do mesmo sindicato confirmou. “Nós conseguimos tirar o pessoal do governo do conforto. Foi muito bom, conseguimos encaminhar nossos gritos de ordem.”
A greve
Após dois dias de atos em frente ao prédio da Prefeitura, no Centro da capital, os servidores aprovaram a greve por tempo indeterminado por ampla maioria. Na terça-feira (12), o Fórum das Entidades Sindicais dos Serviços Públicos de São Paulo anunciou a paralisação. Ele representa entidades como o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep). No dia seguinte, foi a vez da Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc) aderir ao movimento. Entre os sindicatos que compõem a frente está o Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin).
“Nos três últimos anos, deixaram de pagar um aumento devido de 39%. É um acumulado. Agora querem dar 2,16%. As escolas estão um verdadeiro caos. O prefeito, para gastar o dinheiro da Educação em ano eleitoral, está distribuindo para empreiteiros para obras desnecessárias. Sem solicitação das escolas. Crianças e professores convivem com poeira. Não tem apoio para crianças de inclusão. Fora a violência. Tudo cai sobre os professores. No 15 de outubro todos falam da nossa importância. Mas só nós sabemos o que passamos”, afirma a professora da educação infantil e presidenta do Sedin, Claudete Alves.
Em nota, o Sindsep concorda com o desrespeito aos servidores. “Apresentamos uma pauta de reivindicações ao prefeito Ricardo Nunes que fez uma contraproposta desrespeitosa de 2,16%, ignorando quase completamente todas as demais reivindicações relativas a condições de trabalho, saúde e fim do confisco de 14% dos salários de aposentados e pensionistas.”
Passando o trator
Enquanto isso, na noite de ontem, o gabinete de Nunes enviou à Câmara dos Vereadores o Projeto de Lei 115/2024, que versa sobre o reajuste dos servidores. No texto, ignora a negociação e mantém a postura intransigente diante das reivindicações dos trabalhadores. “O PL não pode ser aceito. Ele sequer se dispõe a cobrir a inflação. Com a proposta da Prefeitura, os servidores terão seus salários arrochados. Servidores querem ser verdadeiramente ouvidos, sem prato-feito. E querem uma negociação efetiva sobre suas reivindicações”, completa o Sindsep.
Então, a entidade reafirma suas propostas:
- Reposição da inflação e reajuste salarial linear de 16% com incorporação dos abonos!
- Garantia do pleno direito de férias!
- Pelo fim do confisco de 14% dos/as aposentados/as e pensionistas!
- Por melhores condições de trabalho e saúde!
- Fim das terceirizações. Concursos e nomeações já!
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