Cidade de São Paulo

Vereadores vão enfrentar protesto de servidores ao votar reajuste proposto por Nunes

Em greve há uma semana, servidores municipais realizam nova assembleia, a partir das 14h, em frente à Câmara de São Paulo para marcar oposição à proposta do prefeito, que prevê 2,16% de reajuste, ante os 16% cobrados pela categoria

Sindsep São Paulo/Reprodução
Sindsep São Paulo/Reprodução
Além do reajuste de 16%, a contraproposta do servidores de São Paulo cobra de melhorias na qualidade de trabalho e fim das privatizações e terceirizações

São Paulo – A Câmara Municipal de São Paulo pode votar em primeiro turno, nesta quarta-feira (20), o Projeto de Lei (PL) 155, de autoria do prefeito Ricardo Nunes (MDB). O texto exclui qualquer forma de negociação com os servidores públicos da cidade ao propor reajuste de 2,16% de aumento, percentual muito abaixo dos 16% que vêm sendo reivindicados desde fevereiro pela categoria. Em greve há uma semana, os trabalhadores acompanharão a votação diante da Casa legislativa, no centro da capital, onde protestarão contra o PL.

A contraproposta dos servidores cobra melhorias na qualidade de trabalho e fim das privatizações e terceirizações. Assim como a garantia do pleno direito às férias, ameaçadas – segundo sindicatos da categoria – pelo Decreto 62.555, de 2023, e o fim do confisco de 14% dos aposentados. A mobilização relaciona as reivindicações do reajuste salarial ao aumento das receitas do município. Desde 2023, a prefeitura vem acumulando um caixa de quase R$ 35 bilhões. O que, de acordo com a representação do funcionalismo, mostra que o município tem condições de arcar com a reposição da inflação.

Vigília na Câmara

No entanto, de acordo com os trabalhadores , o prefeito tem sido “intransigente” na negociação com a categoria. Ontem (19), eles realizaram nova assembleia, que reuniu pelo menos 10 mil trabalhadores, e decidiram pela continuidade da greve por tempo indeterminado.

O movimento foi deflagrado no dia 12 unificando diferentes entidades, como Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores Públicos de São Paulo que engloba, por exemplo, o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep). E também a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc).

“Decidimos por manter vigília na Câmara. Como o projeto tramita a partir de hoje na Casa, faremos a vigília. Então, vamos conversar com vereadores e exigir que atendam nossas reivindicações. Vamos pedir para que eles conversem com o prefeito Ricardo Nunes. Pedimos sensatez. Essa é a decisão. Depois continuaremos a mobilização e a luta com a paralisação”, afirmou à RBA o secretário de imprensa do Sindsep, Vlamir Lima.

Greve na educação

No último dia 13, os trabalhadores da educação municipal também decidiram seguir em greve por tempo indeterminado. A educadora infantil e presidenta do Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin), que integra o Coeduc, Claudete Alves, reforçou a necessidade do movimento diante da postura de Nunes.

“Vamos explicar para o prefeito. Trabalhamos na educação infantil com salas com mais de 30 crianças, sozinhos. Isso é bom senso?”, questionou, em resposta ao chefe do Executivo que pediu “bom senso” dos funcionários públicos. “Bom senso é trabalhar sofrendo todo tipo de violência sem suporte nenhum. É trabalhar sem apoio para as crianças que têm deficiência e tendo que dar conta”, rebateu.

“Todos os educadores, independente da função, têm que trabalhar em ano eleitoral no meio do pó. Porque ele tenta ganhar as eleições neste ano. Ele disse que temos que ter bom senso. Ele está fazendo obra até no túmulo da avó dele. E temos que conviver nas nossas escolas com pessoas trabalhadoras. Então, é mais oneroso, penoso. Por isso temos 8 mil educadores de licença, readaptados, porque não temos, na maior cidade da América Latina, condições dignas de trabalho. Mas temos garra e amor à nossa profissão. E temos bom senso para saber que amor não paga nossos boletos”, completou.

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