golpe em curso

Vannuchi: Estado democrático de direito não vigora mais no país

Para o analista político da Rádio Brasil Atual, articulação golpista só poderá ser detida se a mobilização popular se mostrar grande, indignada e consciente

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Polícia Federal invade residência de Lula, sob comando de Moro: golpe de estado em curso

São Paulo – O analista político da Rádio Brasil Atual, Paulo Vannuchi, afirma que as ações desencadeadas na manhã de hoje (4), que culminaram com a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixam claro que a Operação Lava Jato assumiu um comportamento autônomo e se afastando do Estado de direito. Ele compara as ações da PF de hoje às levadas a cabo pelo DOI-Codi, durante a ditadura, que também, por vezes, atuava à revelia da cúpula militar.

“Agora não é mais uma ditadura, mas o Estado democrático de direito, rigorosamente, não está mais vigindo no Brasil”, afirma Vannuchi. Para o comentarista, os objetivos políticos da Operação Lava Jato e do “partido da mídia”, que acoberta as arbitrariedades e vazamentos seletivos, estão claros.

“Trata-se de tentar a inelegibilidade de Lula, porque sabem que, numa disputa democrática, ele vence. A elite brasileira, o sistema político, o partido da mídia – Rede Globo, Veja – todos se uniram na ideia de que, neste momento, não vai dar para respeitar as regras da democracia. Um golpe ‘paraguaio'”, avalia Vannuchi, lembrando o processo que levou à destituição do presidente Fernando Lugo, no país vizinho.

Para além da mobilização popular, o analista explica que para barrar o golpe em curso serão necessárias atitudes dignas e honrosas de membros do Judiciário, como no caso do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator da Lava Jato, que neste momento enfrenta a insubordinação do juiz Moro.

“Ou ele assume claramente a sua participação neste movimento, que é para tirar Dilma, que é para inviabilizar o PT e a candidatura Lula, a grande esperança do brasileiro, ou ele bota um freio nessa situação”, cobra Vannuchi, com relação à postura do ministro Teori.

O analista também frisou o viés político e a seletividade das investigações: “Nunca nada que envolva a corrupção de Aécio, Geraldo Alckmin, dos tucanos, é levado adiante, e qualquer indício, qualquer delação de criminosos contra Lula, Dilma e o PT são amplificados 24 horas por dia, a noite inteira.”

Vannuchi informa que, neste momento o ex-presidente Lula encontra-se no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e existem esforços para que ele possa prestar o depoimento lá mesmo.

Para o analista, a condução de Lula a Curitiba teria dupla consequência. Mostraria, por um lado, Moro, como o grande juiz do país, que não precisaria prestar contas aos seus superiores e, por outro lado, representaria “uma provocação, que tem consequências imprevisíveis, aos movimentos sociais”.

“Eles sabem também que uma atitude como esta coloca Lula na condição de grande líder dos trabalhadores e do povo brasileiro, que sabem que estão fazendo isso pelas suas orientações econômicas e políticas, por aquele Brasil de 2010, com inclusão social, com o PIB crescendo, com pleno emprego, com programas sociais como o Bolsa Família, e o Minha Casa, Minha Vida. A primeira vez na história do Brasil em que os trabalhadores, o povo, tiveram voz, tiveram espaço”, diz Vannuchi.

Ele orienta os movimentos sociais a manter a serenidade e aguardar mais informações que devem surgir nas próximas horas, e aí, então, se desencadeiam movimentos de solidariedade e manifestações que possam cobrar um alto preço junto aos golpistas, “o preço do alerta de que este país corre o risco de se tornar absolutamente ingovernável, com um juiz acobertado pela mídia, como a mídia acobertou o Doi-Codi o tempo todo”.

Só tem um jeito de botar fim a esse estado de coisas, que é um dano à Constituição brasileira, à democracia, ao direito soberano do povo decidir sobre os rumos do país, se a mobilização popular se demonstrar verdadeiramente indignada, forte, consciente, capaz de mostrar para o adversário, para os golpistas, que existem forças políticas e sociais suficientes, neste país, para que o Brasil não volte nunca mais a viver aqueles 21 anos de trevas, de tortura, perseguição, censura e cerceamento do direito de greve, que nasceu do golpe de 1964.”

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