Comunicações

Juscelino Filho indicou sócio de grupo ligado a Flávio Bolsonaro para diretoria do ministério

Ministro não tem qualquer afinidade com a pasta que chefia e usou avião da FAB para ir a evento ligado a cavalos de raça, bens que omitiu do TSE

Roque de Sá/Agência Senado
Roque de Sá/Agência Senado
Em dois meses de governo Juscelino apareceu associado a uma série de situações constrangedoras

São Paulo – O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, indicado ao governo pelo União Brasil, se tornou favorito para ser o primeiro inquilino da Esplanada dos Ministérios a perder o emprego. Além de sua absoluta falta de familiaridade com assuntos relacionados à pasta para a qual foi nomeado, em dois meses de governo já é protagonista de situações no mínimo constrangedoras para o governo.

Depois das denúncias relacionados à mistura de prerrogativas do cargo de ministro com seu hobby por cavalos de raça, o jornal O Estado de S. Paulo informa que o ministro das Comunicações nomeou o advogado Antonio Malva Neto como diretor do Departamento de Radiodifusão Privada da pasta. O agraciado com o cargo é sócio do empresário Willer Tomaz, “parceiro e amigo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)”.

No caso dos cavalos, Juscelino não declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões. O valor é associado a 12 cavalos da raça Quarto de Milha adquiridos em leilão. O Estadão identificou “bens ocultos”, ou seja, animais criados em haras no Maranhão em nome de uma irmã e de um ex-assessor do ministro.

Os cavalos, segundo o jornal, são registrados, em nome do deputado licenciado, na Associação Brasileira de Quarto de Milha (ABQM), reconhecida pelo Ministério da Agricultura. A reportagem afirma ter encontrado os animais em leilões realizados em Alagoas, Ceará, Maranhão, São Paulo e Sergipe, “estados estratégicos para o mercado de animais de vaquejadas”.

Assunto nas redes sociais

Antes desse escândalo, Juscelino já foi notícia de outra situação incômoda, mas também ligada a esses animais. Ele usou avião da FAB e recebeu diárias para participar de eventos privados em São Paulo, relacionados a cavalos, sem qualquer relação com o ministério. Segundo ele, era uma “agenda urgente”: leilões de cavalos.

É atribuído ao currículo de Juscelino Filho, também, o asfaltamento de estrada para uma fazenda em Vitorino Freire, no Maranhão, onde sua irmã é prefeita. Os recursos para tal investimento seriam do orçamento secreto.

Nos seus 15 minutos de fama, o ainda ministro se tornou objeto de referências irônicas nas redes sociais. “Juscelino Filho, o upa cavalinho, seguirá ministro das Comunicações até quando? Já passou da hora”, comentou no Twitter o comunicador Gustavo (Guga) Noblat, também conhecido como filho do jornalista Ricardo Noblat.

Para Leonardo Sakamoto, do portal UOL, o ministro das Comunicações “é um grande ‘eu avisei’ da sociedade civil que alertou que indicá-lo seria treta”. A nomeação do ministro para a pasta provocou reações indignadas de ativistas da democratização do acesso à informação.

Denúncia envolve o pai

Para além de ironias ou críticas, o colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, faz uma denúncia mais do que grave envolvendo o pai de Juscelino na área criminal. Segundo Amado, “José Juscelino dos Santos Rezende, pai e principal padrinho político do ministro das Comunicações do governo Lula, é réu na Justiça do Maranhão por encomendar a morte de um agiota na cidade de Vitorino Freire, no interior do Maranhão, reduto eleitoral da família”.

A denúncia por homicídio qualificado teria sido aceita em 2007, “mas o caso está travado há dois anos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), porque Juscelino Rezende tenta manter o julgamento em Vitorino Freire”, diz a coluna.

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