Conspirador golpista

Situação de Anderson Torres fica cada vez mais complicada. PGR pede manutenção da prisão

No STF, ministro Alexandre de Moraes prorroga inquérito que investiga omissão do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro ante ataques de 8 de janeiro

Wilson Dias/Agência Brasil
Wilson Dias/Agência Brasil
PGR diz que documento golpista encontrado na casa de Torres estava "muito bem guardado” em pasta do governo federal

São Paulo – Nos últimos dias mais revezes atingiram o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres. Nesta segunda-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 60 dias o inquérito que investiga a omissão do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal (DF) ante o ataque golpista a Brasília em 8 de janeiro. O governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), é outro objeto das apurações.

“Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações, com a realização das diligências ainda pendentes, há necessidade de prorrogação do presente inquérito”, escreveu Moraes. A decisão atende a um pedido da Polícia Federal.

PF consegue acesso a dados do celular que Anderson Torres esconde das investigações

Outro indicador de que a situação do aliado de Bolsonaro se complica a cada dia foi a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) junto ao STF, no sentido de ser mantida a prisão preventiva de Torres. Moraes havia requisitado a manifestação do Ministério Público Federal (MPF) sobre o pedido de revogação da prisão feito pela defesa do ex-ministro. A PGR recusou o argumento de que a chamada “minuta golpista” encontrada na casa de Torres era para ser descartada.

Provas: minuta golpista e celular

Segundo a Procuradoria, o documento estava “muito bem guardado”.  “Ao contrário do que o investigado já tentou justificar, não se trata de documento que seria jogado fora, estando, ao revés, muito bem guardado em uma pasta do Governo Federal e junto a outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa”, escreveu no parecer o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.

Um dos motivos pelos quais o ex-ministro bolsonarista deve permanecer encarcerado é justamente que a apreensão da minuta golpista só foi possível em razão da prisão preventiva de Torres, detido em 14 de janeiro ao voltar das “férias” dos Estados Unidos.

“Estivesse o investigado em solo nacional gozando de liberdade, possivelmente esse e outros elementos de prova seriam ocultados ou destruídos, assim como ocorreu com seu aparelho celular, deixado nos Estados Unidos da América de maneira a impedir a extração de dados e análise da prova”, disse a PGR.

Ibama e aves silvestres

Outro problema de Torres nos últimos dias foi a revelação do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, na sexta-feira (24), de que o órgão apreendeu cerca de 60 aves silvestres irregulares na casa do ex-ministro. A notícia causou indignação nas redes sociais.

Segundo o órgão, havia informações “inconsistentes” nos registros dos animais no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (Sispass). Os pássaros teriam sido transferidos para a mãe de Torres, mas o endereço do criadouro não foi alterado. O limite de transferência de animais para criadores amadores também teria sido ultrapassado.

Segundo o Metrópoles, o Ibama notificou Torres pelo desaparecimento de sete aves em extinção que, pela base de dados do órgão, deveriam estar no criadouro.


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