Desperdício

Bolsonaristas tentam atrasar conclusão dos trabalhos da CPI do MST

Extremistas da base do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro tentam postergar os trabalhos da CPI, na tentativa de criminalização dos movimentos sociais

Gustavo Bezerra
Gustavo Bezerra
Amanhã, o circo da extrema direita promete mais atividade. O convidado do dia será o ministro da Casa Civil, Rui Costa

São Paulo – Integrantes de extrema direita da CPI do MST tentam postergar os trabalhos da comissão. Eles pedem à presidência da Câmara dos Deputados, na figura de Arthur Lira (PP-AL), que atrase a conclusão em 60 dias. O prazo inicial é de conclusão no dia 3 de setembro.

As reuniões servem de vitrine para extremistas criarem narrativas que não vêm se sustentando ao longo dos trabalhos. Tentam criminalizar movimentos sociais enquanto apelam de forma corriqueira para ataques infundados e até mesmo ofensas machistas e gordofóbicas.

Foi o que aconteceu com a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). Integrante da CPI, a parlamentar foi atacada pelo presidente da CPI, Coronel Zucco (Republicanos-RS). Durante um debate normal neste tipo de reunião, Zucco ofereceu à deputada “um remédio ou um hambúrguer”.

Ódio contínuo

Hoje (8), Sâmia acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado. Informações do jornal O Globo dão conta de que a parlamentar entrou com uma queixa-crime por difamação. Em entrevista à CNN, Zucco minimizou sua fala, apesar de confessar o ato. Ele disse que foi “uma provocação infantil que não era necessária”.

Sâmia, por sua vez, argumenta que sequer trata-se de fato isolado. “Talvez tenha mais episódios comigo esse ano, porque a CPI tem uma maioria de homens de extrema direita e estou ali como uma das poucas deputadas que estão ali para defender o Movimento Sem Terra e eu sou uma deputada mulher. Então é uma combinação de fatores que faz isso se apresentar contra mim o tempo todo. Mas são muitas deputadas que são vítimas de ações como essa”, disse.

Segue o circo

Hoje a CPI seguiu os trabalhos com cinco convidados. São trabalhadores assentados de Goiás: Joviniano José Rodrigues e Noemia José dos Santos, assentados da área 3, na fazenda Palmeiras, em Goiás; Benevaldo da Silva Gomes, ex-participante do acampamento Egídio Bruneto; Elivaldo da Silva Costa, presidente do Projeto de Assentamento Rosa do Prado; e Vanuza dos Santos de Souza, ex-participante do Acampamento São João.

Amanhã, o circo da extrema direita promete mais atividade. O convidado do dia será o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ele falará sobre suposto aumento em invasões de terras improdutivas durante os primeiros meses do governo Lula, além de falar sobre suas ações enquanto governador da Bahia. À época, o então governador criticou o possível uso da Força Nacional por parte do governo do extremista Jair Bolsonaro (PL) contra acampados no Sul baiano. A convocação de Costa partiu do ruralista Ricardo Salles (PL-SP), acusado, inclusive, de tráfico de madeira.

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