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Na CPI do MST, ministro pede que relatório recomende o fortalecimento de programas de reforma agrária

Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, desconstruiu preconceitos e desinformações, presentes nas abordagens da maioria dos integrantes da CPI. E destacou os benefícios sociais da reforma agrária

Reprodução/TVT Brasil
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Teixeira: "É papel do governo estimular ações que visem o desenvolvimento social"

São Paulo – Em depoimento à CPI do MST nesta quinta-feira (10), o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, desconstruiu preconceitos e desinformações sobre os movimentos sociais em defesa da reforma agrária. A Comissão Parlamentar de Inquérito criada por bolsonaristas para potencializar a criminalização da luta pela democratização no acesso à terra – e por tabela o governo Lula, apoiado por ela – acabou desmoralizada. Os preconceitos e desinformações que marcam a fala da maioria de seus integrantes foram desconstruídos pelo ministro. Teixeira chegou a pontuar, de maneira sutil, o despreparo sobre o tema daqueles que se propõe a debatê-lo.

A convocação de Teixeira, para apurar o “real propósito do aumento de ocupações em 2023 e seu propósito”, segundo o deputado bolsonarista Éder Mauro (PL-PA), mostrou-se um tiro no pé. O ministro se contrapôs, no depoimento, a acusações infundadas e esclareceu as provocações que chegaram em forma de questionamentos do relator, deputado Ricardo Salles. O ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, que já avisou que vai antecipar o final dos trabalhos, chegou a ridicularizar a Marcha das Margaridas.

O ex-ministro que ficou conhecido mundialmente pela associação com madeireiros e com o aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, tentou criminalizar o governo Lula. Distorcendo informações, questionou Teixeira sobre destinação de recursos federais para uma marcha, que ele chamou de “Marcha das Hortaliças”.

Incentivo para a Marcha das Margaridas

A má fé disfarçada de deboche foi rebatida. “A Marcha das Margaridas, formada em sua grande parte por mulheres agricultoras, terá incentivos. Aliás, quando fui procurar o Sebrae em busca de apoio, ouvi lá que já havia sido dado apoio também para mulheres do agro. Mas o senhor também está convidado para a Marcha. Das Margaridas, não das Hortaliças”, disse Teixeira. E completou: “É papel do governo estimular ações que visem o desenvolvimento social. Estive também na Fenavinho, no Rio Grande do Sul, que teve apoio federal”, completou.

Realizada em junho, a Fenavinho 2023, em Bento Gonçalves, oferece espaço para a agricultura familiar na cadeia de vitivinicultura, entre outras, com suas pequenas agroindústrias no setor.

Pressionado pelos setores conservadores, que exigem do ministro posições para desestabilizar as relações entre o governo e o MST, o ministro falou sobre medidas que estão sendo tomadas no governo para garantir terras para diminuir a fila das 57 mil famílias acampadas à beira de estradas em todo o país. “São famílias inteiras, com crianças, vivendo nas condições mais precárias, sem água para cozinhar, sem luz para os filhos estudarem”.

Reforma agrária para melhorar a vida de todos

Em outro momento em que voltou a defender assentamentos, destacou os benefícios não só para os assentados, que passam a ter uma vida melhor, como para a sociedade como um todo. “A política de reforma é para melhorar a vida de todos, para produção de alimentos, para o progresso”. E citou o caso do atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “Ele mesmo já contou que chegou ao Mato Grosso, onde tornou-se grande produtor, para um assentamento”.

E ressaltou que o governo trabalha também para pacificar o campo, que virou palco da crescente violência contra trabalhadores, indígenas e quilombolas. “No ultimo ano de Bolsonaro teve 57 mortes no campo. Nenhuma delas foi fruto da ação do MST”.

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Teixeira terminou seu depoimento cristalizando sua defesa da reforma agrária, da agricultura familiar e do MST. Uma fala que se pudesse ser resumida, caberia na ironia com que recebeu a criação da CPI. “Vão encontrar coisas gravíssimas. Suco de uva feito sem trabalho escravo, arroz integral, milho, soja não transgênica.”

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