CPI do MST segue com tumultos e provocações de ruralistas e bolsonaristas
Parlamentares se negaram a fazer um minuto de silêncio em homenagem a vítimas de conflitos no campo. Gritaram e xingaram ao longo do dia
Publicado 24/05/2023 - 18h47
São Paulo – A extrema direita e parlamentares ligados ao agronegócio seguiram hoje (24) a tentativa de criminalizar a luta pela reforma agrária e por justiça social no campo. Na sessão desta tarde da CPI do MST, a comissão dominada pela oposição votou requerimentos para ouvir autoridades. A avaliação de parlamentares da base do governo e de movimentos sociais é de que radicais tentam utilizar a CPI com dois motivos centrais. Em primeiro lugar, criminalizar o movimento social. Na sequência, desviar as atenções para escândalos reais que envolvem iniciativas golpistas e corrupção de bolsonaristas.
A CPI aprovou convites para ouvir os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário. Contudo, trata-se apenas de convites. Eles não são obrigados a comparecer. Também expediram convites para o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Raul Jungmann, o secretário de Segurança Pública de do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, dois ex-integrantes do MST e a ex-secretária especial do ministério da Agricultura Luana Ruiz, entre outros.
Falta de respeito
Em um momento marcante do dia, a deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) pediu um minuto de silêncio em homenagem aos mortos em conflitos no campo. Entretanto, parlamentares de direita ligados ao agro se negaram, gritaram durante o minuto de silêncio, inclusive com palavrões.
É INACREDITÁVEL! Os ruralistas e bolsonaristas NEGARAM UM MINUTO DE SILÊNCIO na CPI do MST às vítimas do Massacre de Pau d’Arco (PA), que teve 10 trabalhadores rurais assassinados. Interrompido aos berros por um parlamentar que não honra o próprio estado.pic.twitter.com/cpO9O9ePR2
— PSOL 50 (@psol50) May 24, 2023
Pouco antes disso, o deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) falou palavrões ao atacar agricultores familiares. Disse que “não plantam porra nenhuma”. Em nome do decoro, o deputado Paulão (PT-AL) pediu para retirar o palavrão das atas oficiais. “Não é prudente para a imagem na Câmara”, disse. Contudo, o deputado de extrema direita fez piada do caso. Disse que “porra” é apenas “uma interjeição que causa espanto”.
Blindagem
Outro ponto de destaque do dia foi a recusa da CPI sobre três requerimentos de parlamentares de esquerda. Eles pediram publicidade a respeito de temas essenciais às investigações. Pediam para tornar públicas informações sobre dívidas ativas, multas ambientais e financiamento de empresários do agronegócio. “É importante que essa CPI esteja aberta a olhar todos os lados. Se acontecer a votação agora, como aconteceu no [requerimento] anterior, fica difícil a própria convivência, porque fica demonstrado que não há interesse em discutir com verdade os desafios da agricultura e da questão fundiária. Será uma CPI para atacar uma ideia”, afirmou deputado federal Nilton Tatto (PT-SP).