Circo

CPI do MST segue com tumultos e provocações de ruralistas e bolsonaristas

Parlamentares se negaram a fazer um minuto de silêncio em homenagem a vítimas de conflitos no campo. Gritaram e xingaram ao longo do dia

Gustavo Bezerra
Gustavo Bezerra
Amanhã, o circo da extrema direita promete mais atividade. O convidado do dia será o ministro da Casa Civil, Rui Costa

São Paulo – A extrema direita e parlamentares ligados ao agronegócio seguiram hoje (24) a tentativa de criminalizar a luta pela reforma agrária e por justiça social no campo. Na sessão desta tarde da CPI do MST, a comissão dominada pela oposição votou requerimentos para ouvir autoridades. A avaliação de parlamentares da base do governo e de movimentos sociais é de que radicais tentam utilizar a CPI com dois motivos centrais. Em primeiro lugar, criminalizar o movimento social. Na sequência, desviar as atenções para escândalos reais que envolvem iniciativas golpistas e corrupção de bolsonaristas.

A CPI aprovou convites para ouvir os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário. Contudo, trata-se apenas de convites. Eles não são obrigados a comparecer. Também expediram convites para o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Raul Jungmann, o secretário de Segurança Pública de do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, dois ex-integrantes do MST e a ex-secretária especial do ministério da Agricultura Luana Ruiz, entre outros.

Falta de respeito

Em um momento marcante do dia, a deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) pediu um minuto de silêncio em homenagem aos mortos em conflitos no campo. Entretanto, parlamentares de direita ligados ao agro se negaram, gritaram durante o minuto de silêncio, inclusive com palavrões.

Pouco antes disso, o deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) falou palavrões ao atacar agricultores familiares. Disse que “não plantam porra nenhuma”. Em nome do decoro, o deputado Paulão (PT-AL) pediu para retirar o palavrão das atas oficiais. “Não é prudente para a imagem na Câmara”, disse. Contudo, o deputado de extrema direita fez piada do caso. Disse que “porra” é apenas “uma interjeição que causa espanto”.

Blindagem

Outro ponto de destaque do dia foi a recusa da CPI sobre três requerimentos de parlamentares de esquerda. Eles pediram publicidade a respeito de temas essenciais às investigações. Pediam para tornar públicas informações sobre dívidas ativas, multas ambientais e financiamento de empresários do agronegócio. “É importante que essa CPI esteja aberta a olhar todos os lados. Se acontecer a votação agora, como aconteceu no [requerimento] anterior, fica difícil a própria convivência, porque fica demonstrado que não há interesse em discutir com verdade os desafios da agricultura e da questão fundiária. Será uma CPI para atacar uma ideia”, afirmou deputado federal Nilton Tatto (PT-SP).