almoço indigesto

Boulos critica reunião em que Nunes consulta Bolsonaro sobre sistema para combater a ‘cracolândia’

“É inacreditável que o genocida seja ouvido sobre um problema tão sério para a cidade de São Paulo”, criticou o pré-candidato do Psol à prefeitura da capital

Divulgação/Redes Sociais
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Nunes apresentou ao ex-presidente inelegível o sistema de câmeras de reconhecimento facial que pretende implementar

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ofereceu um almoço para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira (7). O encontro, realizado na própria prefeitura, também contou com a presença do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No cardápio, as articulações do prefeito para se apresentar como candidato do bolsonarismo à reeleição no próximo ano.

Nunes aproveitou para se apresentar ao ex-presidente inelegível o chamado Smart Sampa, um sistema de monitoramento e reconhecimento facial que ele quer implementar na cidade. O prefeito aposta na ferramenta para combater o tráfico de drogas, principalmente na região da Cracolândia, que deve ser um dos temas mais quentes da disputa eleitoral.

“Eu fiz o convite (para a reunião), não sabia que o presidente estava confirmado. Eu tinha combinado com ele que ia apresentar para ele como seria o nosso sistema de monitoramento, que eu já ia apresentar para o governador Tarcísio”, afirmou o prefeito, em entrevista à rádio Jovem Pan, ainda antes do encontro.

O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), que deve ser o principal opositor de Nunes na disputa pela prefeitura paulistana, criticou o encontro. Para ele, é “inacreditável” que Bolsonaro – a quem chamou de “genocida” – seja ouvido sobre um problema “tão sério” da capital.

Sobre o Smart Sampa, Nunes anunciou que pretende instalar 200 câmeras de reconhecimento facial na região central de São Paulo. Até o final do ano que vem, a previsão da prefeitura é ter 20 mil câmeras de monitoramento funcionando em toda a cidade. A proposta é vista com desconfiança por entidades de direitos humanos e de proteção de dados pessoais. Além de captar dados sem consentimento dos cidadãos, eles alertam que o sistema pode ter viés discriminatório, adotando a cor de pele como critério de monitoramento.

Boulos apoiado pelo PT

No último sábado (5), o PT oficializou o apoio à candidatura de Boulos para a prefeitura de São Paulo. Desse modo, os petistas ratificaram acordo firmado com o líder psolista nas últimas eleições, em troca da retirada da candidatura de Boulos ao governo de São Paulo e o apoio ao então candidato Fernando Haddad (PT), que perdeu a disputa para Tarcísio.

Será a primeira vez que o PT não terá candidato na disputa pela capital paulista. A expectativa é que o partido indique o nome a ocupar a candidatura a vice na chapa de Boulos, preferencialmente uma mulher. Atual ministro da Fazenda, Haddad defendeu a “unidade” do campo da esquerda em torno do pré-candidato, com o objetivo de derrotar a “extrema direitoa”. E disse que Boulos está “apto” a ser “o quarto prefeito progressista de São Paulo”.

No evento, Boulos afirmou que a maioria dos paulistanos nem sequer conhece o atual prefeito. “De onde ele veio? Qual é a procedência do Ricardo Nunes? Qual é a biografia do prefeito Ricardo Nunes?”. O pré-candidato do Psol também criticou a “demagogia” do prefeito em relação à Cracolândia e disse que a gestão atual é feita na base da “desumanidade, incompetência e esquemas”. E ressaltou que o atual ocupante do Palácio do Anhangabaú “só sabe falar de recapeamento”.

“Quem anda por São Paulo hoje tem um sentimento completo de insegurança, de caos. Não tem o básico de zeladoria, as pessoas estão jogadas no meio da rua, das calçadas, debaixo de viadutos. É a maior população em situação de rua da história da cidade, 53 mil pessoas vivendo indignamente nesta cidade. Se o centro está dessa forma, imaginem as periferias”, afirmou.