Corrida eleitoral em SP

Atrás de Boulos na preferência eleitoral, Ricardo Nunes tem gestão aprovada por apenas 23%

Pesquisa Datafolha de hoje (1) mostra baixa aprovação da gestão Nunes. O desempenho é coerente com o da pesquisa de intenção de votos, em que perde para Boulos. Gestor apela agora para eleitorado bolsonarista

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
Ricardo Nunes foi criticado por largar a cidade com árvores caídas pelas ruas e ir participar de evento em Interlagos

São Paulo – Atrás do candidato Guilherme Boulos (Psol) na preferência dos eleitores para a Prefeitura paulistana, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB) tem apenas 23% de aprovação, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (1º). A gestão é considerada “ótima” ou “boa” por apenas 23% da população. Já a maioria dos entrevistados (49%) considera regular a administração do prefeito. Outros 24%, no entanto, a avaliam como “péssima” ou “ruim”. E 3% não souberam responder.

A pesquisa ouviu 1.092 eleitores paulistanos entre terça (29) e quarta (30). A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos. Segundo o estudo, Nunes é melhor avaliado pelas pessoas com menor nível de escolaridade (36%) e que têm 60 anos ou mais (32%). A rejeição do candidato à reeleição é maior entre aqueles que têm curso superior (36%) e o que ganham mais de 10 salários mínimos (44%).

A baixa aprovação da gestão do emedebista é coerente com os resultados de pesquisa de intenção de votos. Pesquisa Datafolha publicada nesta quinta-feira (31) Nunes tem 24% da preferência e ocupa a segunda posição, atrás de Boulos, com 32%. A disputa segue com os deputados federais Tabata Amaral (PSB), em terceiro, com 11%, e Kim Kataguiri (União Brasil), com 8%. Na pesquisa espontânea, Boulos também larga em primeiro, sendo citado por 8%. Nunes aparece em segundo, atrás do psolista que vem se consolidando nas urnas. Na eleição municipal em 2020, chegou ao segundo turno contra Bruno Covas, com 2,1 milhões de votos. No ano passado, conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados com mais de 1 milhão de votos, sendo o mais bem votado do estado de São Paulo.

Ricardo Nunes apela ao eleitorado bolsonarista

Já Nunes tenta se recuperar, apelando para o eleitorado bolsonarista. No último dia 23, o candidato à reeleição confirmou que “deseja” o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030. Assim como o do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). No início do mês, ele recebeu Bolsonaro para almoço na prefeitura paulistana, quando apresentou o chamado Smart Sampa, um sistema de monitoramento e reconhecimento facial contratado pela gestão.

Conforme reportou a RBA, Ricardo Nunes aposta na ferramenta para combater o tráfico de drogas, principalmente na região pejorativamente conhecida como “Cracolândia”, que deve ser um dos temas mais quentes da disputa eleitoral. A proposta é contestada por entidades de direitos humanos e de proteção de dados pessoais. A crítica é que, além de captar dados sem consentimento dos cidadãos, o sistema dessas câmeras pode ter viés discriminatório, adotando a cor de pele como critério de monitoramento.

Prefeitura de São Paulo tem menor avaliação positiva em 14 anos, mas quase 70% não lembra em quem votou

Desde que assumiu, em maio de 2021, após a morte de Bruno Covas, o prefeito vem colecionando programas e ações impopulares. A gestão municipal bateu recorde de caixa com mais de R$ 34,9 bilhões, segundo dados de abril da Secretaria Municipal da Fazenda. Mais da metade do valor, no entanto, está parada nos cofres da prefeitura, sem previsão de investimentos, conforme cálculos da Câmara. Isso bem no momento em que a cidade é apontada como “abandonada”.

Gestão Nunes: cidade abandonada

Uma pesquisa da Rede Nossa São Paulo, de janeiro deste ano, mostrou que, em todas as regiões, os moradores de São Paulo compartilhavam a visão de que a gestão Nunes “tem feito pouco ou nenhum investimento” em áreas como transporte público, educação, espaços públicos, infraestrutura, saúde, cultura, habitação, assistência social e geração de empregos, avaliadas pela entidade. A percepção de inércia é sobretudo maior na Saúde (90%). E, em segundo, com 89%, aparece a área de infraestrutura, com asfalto, iluminação e limpeza urbana.

Reportagem do g1 mostrou também que prefeitura tem também desviado recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb) para investir em obras de recapeamento. Por lei, o fundo deveria cumprir gastos obrigatórios com mobilidade ativa (transporte coletivo e mobilidade a pé) e habitação social. Somente neste ano, o governo de Ricardo Nunes aprovou quase R$ 380 milhões do Fundurb para reformar pontes e viadutos. Quase o mesmo valor investido em todos os projetos da Secretaria de Habitação (R$ 386,3 milhões) em 2023.

A cidade de São Paulo também sofre com o crescimento da violência urbana e vê bater recorde o número de pessoas em situação de rua. Ao menos 53.475 pessoas não têm um teto na capital. Os dados são da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em maio, esse total era de 53.188 pessoas em situação de rua.

Redação: Clara Assunção