Compromisso

Haddad nega candidatura em 2026 e apoia Boulos em São Paulo

Ministro defende cumprir acordo com o Psol na disputa à prefeitura de São Paulo, e disse que quer Lula candidato à reeleição

Reprodução
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"Tem um acordo com o Psol para São Paulo e penso que tem de cumprir", diz Haddad

São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (13) que não tem planos para se lançar candidato à presidência da República nas próximas eleições. Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV, ele afirmou que gostaria que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentasse a reeleição. Além disso, ele reafirmou o apoio ao deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) na disputa pela prefeitura de São Paulo no ano que vem.

“Tem um acordo com o Psol para São Paulo e penso que tem de cumprir”, disse o ministro. Tal acordo teria sido firmado no ano passado, quando Boulos apoiou Lula e a candidatura de Haddad ao governo de São Paulo. No entanto, há setores dentro do PT que negam a existência de tal acordo.

Na segunda (10), em entrevista à RBA, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) disse que apoiar uma candidatura do Psol seria o “caminho da derrota” na disputa paulistana. Nesse sentido, ele defende uma candidatura “única” entre todos os partidos que apoiaram Lula à presidência. O objetivo, segundo ele, é “juntar os descontentes de centro”, em vez de fazer uma “inflexão à esquerda”. Ele afirmou que Diretório Nacional do PT deve se reunir no mês que vem pra tirar uma resolução sobre isso as eleições municipais.

A entrevista com Haddad no programa É Notícia vai ao ar às 23h45. 

Reeleição de Lula

Ao negar a intenção de concorrer à presidência em 2026, Haddad afirmou que “a pior coisa que um político pode fazer é sentar em uma cadeira pensando em outra”. Disse que deseja que Lula “queira se candidatar”, mas ressalvou que essa é uma questão de “foro íntimo” do presidente, e que o PT apoiará qualquer decisão. Para o ministro, a democracia brasileira “não está no melhor momento” e “há ameaças em todo o mundo”. Nesse sentido, afirmou que “o presidente Lula tem que estar disponível para o país”.

Durante a campanha, Lula sinalizou que, em caso de vitória, não pretenderia disputar a reeleição. Mais recentemente, ele afirmou que a candidatura do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à reeleição é um “estímulo” para que ele também volte à disputa.

Por outro lado, Haddad vem sendo incensado pelo mercado que vê o ministro como um nome mais “moderado” em comparação a Lula, a quem classificam como um radical. Além disso, o ministro também vem ganhando destaque como articulador político graças às recentes vitórias das pautas econômicas do governo no Congresso. Como resultado, saltou de 26% para 65% a aprovação do ministro entre representantes do mercado financeiro, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem.

“Nunca tive dificuldade de dialogar com o Parlamento. Eu gosto do Parlamento”, afirmou o ministro. “Me dou bem com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, que foram os fiadores da transição, junto com o STF após o 8 de janeiro”, frisou.

Linha branca

Na entrevista, Haddad afirmou também que deve discutir com o presidente Lula nesta sexta-feira (14) a possibilidade de um programa voltado a estimular a compra de eletrodomésticos como geladeiras e televisões – a chamada linha branca. “Amanhã eu tenho despacho com ele e isso deve ser tema”, garantiu o ministro.

Ontem, Lula sugeriu esse tipo de medida ao vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Também provocou a ministra do Planejamento, Simone Tebet, para que ela flexibilize os gastos. O objetivo do presidente é baratear o acesso dos eletrodomésticos, como fez para enfrentar a crise de 2018, e como vem fazendo também em relação ao mercado automobilístico.

“Se está caro, vamos baratear, vamos encontrar um jeito. Simone , você e o Aloizio (Mercadante, presidente do BNDES), abram a mão um pouquinho para facilitar a vida desse povo que quer ter acesso às coisas”, brincou.

Por outro lado, Haddad voltou a pressionar pela redução da taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se reunir no início de agosto para definir a Selic. Para Haddad, há espaço para um corte maior do que 0,25 ponto percentual. “É a expectativa de todo mundo a essa altura, 100% dos analistas esperam corte… Agora o problema não é mais quando, mas quanto”, disse o ministro.