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Juros altos: política monetária está ‘viciada’, diz Gleisi

Nove partidos pediram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), investigação contra o BC e Campos Neto pela manutenção dos juros altos no país

Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Gleisi ainda cobrou redução "imediata e considerável" na taxa de juros

São Paulo – A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que a política monetária do Banco Central (BC), que resiste em reduzir a taxa básica de juros, está “viciada” e “equivocada”. Para ela, manter a Selic em 13,75% ao ano é um erro, “inclusive do ponto de vista técnico”. Gleisi e outros 17 líderes de nove partidos entregaram nesta quarta-feira (5) ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido de investigação contra Campos Neto e o BC.

“Nós entendemos que, além de perseguir a queda da inflação, o Banco Central também é responsável por perseguir o pleno emprego e atenuar as flutuações da atividade econômica no país. E isso não foi cumprido ao longo desses últimos anos pelo BC”, afirmou Gleisi, em entrevista coletiva após o encontro com Pacheco. Nesse sentido, ela frisou que o Senado tem a obrigação legal de fiscalizar o BC.

Gleisi citou “ótimos” indicadores econômicos que possibilitam redução nos juros, como a queda da inflação e a valorização do real frente ao dólar. Além disso, afirmou que a indignação contra os juros altos é um movimento que “tem crescido na sociedade”. E cobrou redução “imediata e considerável” na Selic.

“Entendemos que para fazer efeito na economia, nós precisaríamos de uma redução da taxa de juros imediata, e uma redução considerável”, afirmou a líder petista. “Não tem justificativa para continuar com essa taxa de juros. Esse é o grande impedimento para a gente ter o desenvolvimento econômico hoje no país.”

Campos Neto no Senado

Líder da Federação PT-PcdoB-PV na Câmara, Zeca Dirceu (PT-PR) disse que Pacheco sugeriu a data de 3 de agosto para que Campos Neto volte ao Senado para se explicar. Sobre o pedido de investigação, Pacheco teria dito que vai discutir com os demais senadores. Além disso, também vai consultar a assessoria jurídica do Senado sobre os possíveis encaminhamentos.

“É papel do Senado, sim, investigar, questionar e acompanhar o trabalho do Banco Central. As críticas não são mais apenas desse conjunto de líderes e partidos. Hoje é uma crítica do empresariado, até mesmo do agronegócio. É uma crítica da sociedade, de quem está endividado, de cada brasileiro e brasileira. E não há razões para manter esse patamar de juros, que eu considero até criminoso”, afirmou.

Mais cedo, ainda antes da reunião com os líderes, Pacheco voltou a se manifestar contra os juros altos, quando desejou boa sorte aos novos diretores do BC, que ontem foram sabatinados e aprovados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

“Nós precisamos ter de fato um comprometimento do Banco Central com a questão da redução da taxa básica de juros. Obviamente a partir de critérios, a partir de mecanismos que sejam próprios para que se viabilize essa redução. Mas é um desejo muito genuíno da sociedade brasileira como um todo, não só das esferas das instituições públicas e políticas”, disse.