Desafios

‘Estando aqui, vejo brechas para melhorar a vida do povo’, afirma Boulos sobre atuação na Câmara

Em entrevista a Juca Kfouri na TVT, o parlamentar mais votado de São Paulo fala de seus projetos como deputado e dá uma ideia do que é enfrentar o bolsonarismo no dia a dia

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Boulos destacou a importância de combater o extremismo ligado à ideologia bolsonarista

São Paulo – Entrevistado desta semana do jornalista Juca Kfouri, no programa Entre Vistas, da TVT, o deputado federal (Psol-SP) e líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) Guilherme Boulos analisou temas relevantes do país, como as lutas por moradia e por democracia. Boulos também destacou a importância de combater o extremismo ligado à ideologia bolsonarista, que persiste em setores da sociedade.

O deputado federal mais votado de São Paulo lembrou de sua história de militância e as diferenças para seu atual trabalho. “Juca, confesso que nunca tive grandes expectativas no Parlamento. A gente sabe que, historicamente, pelo sistema político que temos, é eleito por um modelo clientelista, personalista. Você tem hegemonia do Centrão. Os debates políticos, ao longo do tempo, ficaram cada vez mais desqualificados. Bolsonarismo tornou isso ainda mais difícil. Mas, estando aqui, vejo brechas para melhorar a vida do povo”, disse.

Boulos, então, ironizou “o desconforto do paletó e gravata”, que “nunca foi sua praia”. Contudo, pontuou boas ações possíveis. “Já no primeiro semestre aprovei meu primeiro Projeto de Lei, a política pública de cozinhas solidárias, uma ação criada pelo MTST, de combate à fome. Agora virou política pública do governo federal. Relato mais de 20 projetos, ajudo na aprovação de pautas importantes, melhoramos o Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, existem brechas e espaços, apesar da dificuldade. Todos sabem que as negociatas existem, mas existe diálogo e composição para construir maioria em projetos importantes”, afirmou.

Bolsonarismo fundamentalista

Para Boulos, as dificuldades de um parlamento dominado por setores do grande capital ganha tons mais tenebrosos com a consolidação do extremismo bolsonarista. Nesse contexto, Juca lembrou que personagens desta corrente de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro estão caindo. Pouco a pouco, são jogados no lixo da história. Gente como Gabriel Monteiro (no Rio de Janeiro, condenado por estupro), Joice Hasselmann, Carla Zambelli e Deltan Dallagnol, todos com passagem pelo parlamento.

“Vejo com certa tristeza que muitos atribuem, para suas ações, certo senso de missão. Eles acham que cumprem alguma missão fundamentalista para seus superiores na defesa das pautas antipopulares, intolerantes, de ódio. Parece que o que os move é um certo furor político. Em muitos momentos, vemos um abismo entre a percepção deles e a realidade. Não é só produção de fake news, pior que isso são aqueles que acreditam nas próprias mentiras”, disse Boulos.

Ele categoriza estes elementos: “Existem os hipócritas, cínicos, que falam por conveniência para ganhar fatia de votos e existem aqueles que verdadeiramente acreditam nos absurdos, nos devaneios. Então, há uma cegueira que só Saramago (José Saramago, escritor português) para nos ajudar”, completou.


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