Bug suspeito

Facebook e Instagram suprimem postagens de apoio aos palestinos, acusam usuários

Há relatos de que o Facebook suprimiu contas que convocaram protestos pacíficos em cidades dos Estados Unidos

Wafa/wikimedia Commons
Wafa/wikimedia Commons
Faixa de Gaza está sob fortes bombardeios desde 7 de outubro

São Paulo – Usuários do Facebook e Instagram, que pertencem à empresa Meta, acusam as redes sociais de suprimir postagens e comentários de apoio aos palestinos, sob ataques sem precedentes de Israel. Isso ocorre, segundo eles, mesmo quando as manifestações ocorrem dentro das regras das plataformas. Algumas pessoas também relataram que o Facebook suprimiu contas que convocaram protestos pacíficos em cidades dos Estados Unidos. Entre elas, manifestações planejadas na área da baía de San Francisco, no fim de semana.

Uma usuária, Aya Omar, engenheira de inteligência artificial, disse ao jornal The New York Times que não conseguia ver contas de mídia palestinas que lê regularmente “porque a Meta e o Instagram as estavam bloqueando”. Ela disse também que as pessoas estavam vendo uma” versão higienizada” dos acontecimentos que ocorreram em Gaza.

O Instituto Hampton, que analisa e comenta nas redes sociais questões políticas e socioeconômicas a partir de uma perspectiva da classe trabalhadora, também apontou o problema. “O Instagram e o Facebook estão bloqueando ativamente postagens sobre a história factual de Israel/Palestina, às vezes disfarçando isso como ‘dificuldade técnica'”, disse o Instituto Hampton, em postagem no X (ex-Twitter), no último domingo (15).

Bug acidental ocultou postagens, diz dona das plataformas

Segundo reportagem do jornal nova-iorquino, reproduzida pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (18), a Meta afirmou que algumas dessas postagens foram ocultadas da visualização devido a um bug acidental nos sistemas da empresa. E alertou que algumas postagens podem ser temporariamente suprimidas ou suspensas enquanto implementa medidas para lidar com um grande número de relatos de conteúdo gráfico. Em alguns casos, disse a empresa, houve dificuldades técnicas que suprimiram postagens que deveriam ter sido amplamente visíveis.

“Identificamos um bug que afetava todas as histórias que compartilhavam reels e postagens do feed, o que significa que elas não estavam aparecendo corretamente para as pessoas, resultando em alcance significativamente reduzido”, disse Andy Stone, porta-voz da Meta, em postagem no X no domingo. “Esse bug afetou contas igualmente em todo o mundo e não tinha nada a ver com o assunto do conteúdo — e nós o corrigimos o mais rápido possível.”

Ainda segundo usuários, a hashtag #Zionistigram, associada a postagens críticas à supressão do Instagram de conteúdo pró-palestino, parece ter sido temporariamente suprimida durante o fim de semana. E não trazia resultados nas buscas pelo termo.

Por isso, muitos apoiadores palestinos migraram para outras plataformas para divulgar suas mensagens, enquanto criticavam a moderação de conteúdo da Meta. O LinkedIn, usado principalmente para networking profissional, viu aumentar o número de postagens críticas à resposta de Israel ao Hamas e em apoio às vítimas civis em Gaza.

Manobras para expressar apoio aos palestinos

Outros usuários pediram apoio usando os comentários de postagens de contas amplamente seguidas no Instagram e no Facebook. Os comentários na postagem mais recente da cantora Beyoncé, cuja conta no Instagram tem mais de 318 milhões de seguidores, foram inundados por apoiadores palestinos e israelenses que tentavam angariar apoio para suas causas.

Muitas dessas mensagens em apoio aos palestinos foram copiadas e coladas para circulação mais ampla no Instagram e no Facebook. Ainda segundo a reportagem, em uma postagem dna semana passada, a Meta disse que aplica suas políticas de conteúdo de forma igualitária.

“Queremos reiterar que nossas políticas são projetadas para dar voz a todos, ao mesmo tempo em que mantemos as pessoas seguras em nossos aplicativos”, disse a empresa. “Aplicamos essas políticas independentemente de quem está postando ou de suas crenças pessoais, e nunca é nossa intenção suprimir uma comunidade ou ponto de vista específico.”

A Meta também reconheceu que as suas políticas podem não ser sempre aplicadas com perfeição, especialmente em tempos de crise global. “Dados os maiores volumes de conteúdo que nos são denunciados, sabemos que o conteúdo que não viola as nossas políticas pode ser removido por engano”, disse a empresa.

Redação: Cida de Oliveira