Resposta

Israel ‘não tem moral para falar de direitos humanos’, reage PT

Partido reagiu à nota da Embaixada de Israel contra resolução do partido que condena tanto os ataques do Hamas contra civis como o “genocídio” contra os palestinos cometido pelas forças israelenses

UNICEF/Eyad El Baba
UNICEF/Eyad El Baba
"Busca por justiça não se confunde com vingança", disse o partido sobre bombardeios de Israel em Gaza

São Paulo – O PT classificou como “falsa e maliciosa” a interpretação da Embaixada de Israel no Brasil sobre a posição da legenda a respeito do conflito na Faixa de Gaza. O Diretório Nacional do partido aprovou ontem (16) uma resolução condenando os ataques do Hamas contra civis e a violência empregada pelo Exército de Israel. A representação israelense classificou como “muito lamentável” a postura da sigla.

Isso porque, na resolução, o PT condenou “os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel”. No entanto, classificou como um “genocídio contra a população de Gaza” a resposta adotada pelas forças israelenses. E citou um “conjunto de crimes de guerra” cometidos contra os palestinos.

“É muito lamentável que um partido que defende os direitos humanos compare a organização terrorista Hamas, que vai de casa em casa para assassinar famílias inteiras, com o que o governo israelense está fazendo para proteger os seus cidadãos”, disse a embaixada.

O PT ressaltou que enquanto a embaixada divulgava nota para atacar o partido, pelo menos 500 civis morreram num bombardeio a um hospital em Gaza. “Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos”, reagiu a legenda. “Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião”.

Contra ‘punição coletiva’

Assinam a nota a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e o secretário de Relações Internacionais, Romênio Pereira. Eles destacam que a legenda adota postura similar à da porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasan. Nesta manhã, durante entrevista coletiva em Genebra, ela afirmou que “não se pode ter uma punição coletiva como resposta aos ataques horríveis (do Hamas)”.

“Afirmar que o PT considera o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima, como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo”, rebatem os dirigentes.

Por fim, classificaram como “injustificável” o ataque ao partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus. E ressaltaram a posição da legenda em defesa da solução de dois estados para o conflito no Oriente Médio.