Acordo frustrado

Israel nega cessar-fogo para retirada de civis da Faixa da Gaza, e brasileiros seguem encurralados

Expectativa do embaixador do Brasil era a de que o grupo atravessasse a fronteira para o Egito nesta segunda. Acordo, no entanto, foi frustrado pelo governo Netanyahu, que vem intensificando ataques

Agência Wafa
Agência Wafa
Entre os alvos prioritários do Estado sionista estão, justamente, hospitais, escolas e campos de refugiados

São Paulo – As expectativas de um breve cessar-fogo no sul de Gaza para a saída de milhares de civis, incluindo brasileiros, foram frustradas por Israel nesta segunda-feira (16). O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, divulgou nota afirmando que “atualmente, não há trégua nem ajuda humanitária em Gaza em troca da saída de estrangeiros”.

O comunicado veio a público logo após a agência de notícias Reuters divulgar um acordo de cessar-fogo a partir das 3h (no horário de Brasília) para a reabertura da passagem de Rafah. A localidade faz fronteira entre a Península do Sinai, no Egito, e a Faixa de Gaza, governada pelo grupo armado Hamas. E é a única passagem para o território fora do controle de Israel.

A abertura da passagem pode encerrar a espera de cinco dias de um grupo de brasileiros que pediu ao Itamaraty para ser retirado de Gaza, mas ficou retido na região à espera de autorização israelense. Ontem (15), o embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, chegou a confirmar que havia “rumores” de que a fronteira seria aberta hoje para travessia dos civis. Um grupo de 28 pessoas, com 22 brasileiros e seis palestinos com residência no Brasil, segue abrigado nas cidades de Rafah e Khan Yunis, também no Sul de Gaza, aguardando a autorização para cruzar a fronteira.

Brasileiros na Palestina

Segundo o governo federal, assim que o grupo puder seguir para o Egito, eles serão repatriados no avião VC-2 da Presidência da República, que tem capacidade para transportar até 40 passageiros. Outros cinco voos de resgate já foram feitos para trazer brasileiros e familiares de Israel. Em território palestino, porém, há dificuldades por conta dos ataques de Israel.

Ainda no sábado (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com líder egípcio, Abdul Fattah al-Sisi, que garantiu que os brasileiros seriam evacuados imediatamente. O governo do Egito, porém, não conseguiu dar seguimento à ação por problemas de segurança devido aos bombardeiros e pediu coordenação com Israel. Mesmo a ajuda humanitária à Palestina, enviada por vários países e organizações, está paralisada na cidade de Al-Arish, no Egito, aguardando um acordo.

Sem trégua, Israel vem intensificando os ataques aos territórios palestinos, de acordo com a Reuters. Moradores de Gaza disseram que de domingo para hoje os bombardeiros foram os mais pesados dos últimos 9 dias. O drama da população local começou no último dia 7, após revide israelenese a ataques do grupo Hamas, que mataram cerca de 1,3 mil pessoas. Como previsto, o governo de Netanyahu reagiu detonando a maior operação de guerra do país nos últimos 50 anos.

Israel impõe sentença de morte

Além de impor um bloqueio total a Gaza, o exército israelense também prepara uma invasão terrestre e promete destruir o Hamas. Autoridades do território palestino apontam que, até o momento, pelo menos 2.750 pessoas foram mortas, um quarto delas crianças. Há ainda outras 10 mil feridas e mil desaparecidas. A crise humanitária na região também se agrava, com escassez de alimentos, combustível e água. Também faltam espaços em cemitérios diante do massacre na Palestina. Caminhões que antes eram usados para transportar sorvetes para os supermercados agora são necrotérios improvisados na Faixa de Gaza.

Israel deu ordem para os que os palestino evacuem a cidade. O que foi condenado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que classificou a ordem como uma “sentença de morte para as pessoas sob cuidados médicos”. “Sem água, eletricidade, comida e medicamentos, milhares irão morrer”, acrescentou o subsecretário-geral da Coordenação de Assuntos Humanitários e de Ajuda de Emergência, Marting Griffiths, em suas redes sociais.

Redação: Clara Assunção
Com informações da Folha de S. Paulo e do Brasil de Fato