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Dólar é usado como instrumento político, diz Putin em reunião com Dilma Rousseff

Banco do BRICS enfrenta o desafio de ampliar alternativas que permitam cada vez mais aos países membros operar com as próprias moedas nacionais

Aleksei Danichev/Sputnik
Aleksei Danichev/Sputnik
O encontro se deu no âmbito da Segunda Cúpula Rússia-África e Fórum Econômico e Humanitário em São Petersburgo

São Paulo – A ex-presidente do Brasil e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NDB, na sigla em inglês), Dilma Rousseff, se reuniu nesta quarta-feira (26) com o presidente da Rússia, Vladmir Putin, em São Petesburgo, na Rússia. O encontro não tem nenhuma relação com o governo brasileiro. É uma reunião da presidente da instituição financeira e um dos seus sócios-fundadores, a Rússia, representada por seu chefe de Estado.

O encontro se deu no âmbito das atividades de líderes russos e africanos, na Segunda Cúpula Rússia-África e Fórum Econômico e Humanitário em São Petersburgo. De acordo com Putin, os membros do BRICS trabalham por interesses uns dos outros, e não contra alguém.

“Sabemos que há a questão de liquidez do banco, há algumas ideias. As relações entre nossos países do BRICS estão se desenvolvendo (com a alternativa) de moedas nacionais, (e) os pagamentos (com elas) estão aumentando. Acho que o banco também poderia desempenhar um papel no desenvolvimento da direção do trabalho conjunto”, acrescentou o líder russo, que se reunirá com chefes de Estado africanos, para assinatura de acordos nas áreas comercial, econômica, humanitária e científica.

Dólar como instrumento político

Segundo o site Sputnik, o presidente da Rússia disse que o dólar é usado no mundo como um instrumento político. “Nas condições atuais, não é fácil fazer isso (desenvolver uma instituição alternativa como o BRICS), tendo em mente o que está acontecendo nas finanças do mundo e o uso do dólar como instrumento de luta política”, disse.

Em nota oficial, o NDB informou que a presidente da instituição será oradora na Sessão Plenária do Fórum, dirigindo-se a uma audiência de chefes de Estado e outras autoridades de países africanos.

O informe acrescenta que Dilma tem agendas bilaterais com dois chefes de Estado membros fundadores do NDB, “nomeadamente a Rússia e a África do Sul”. “O objetivo de ambas as reuniões bilaterais é verificar as opiniões de ambos os países membros sobre o papel do NDB na próxima Cúpula do BRICS, que será sediada na África do Sul em agosto de 2023”, diz a nota. Dilma terá outra reunião bilateral com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, para discutir essa cúpula.

NBD x geopolítica

Em outra nota, esta divulgada em sua conta no Twitter, Dilma Rousseff afirma que “a expansão dos membros do NDB não tem os mesmos requisitos e critérios aplicáveis à expansão do grupo geopolítico do bloco”.

Nesse sentido, o documento esclarece que hoje o banco já tem entre os membros Bangladesh, Egito e Emirados Árabes Unidos. Já o BRICS propriamente dito é formado apenas por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A nota de Dilma esclarece que “o NDB não está considerando novos projetos na Rússia e opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados financeiros e de capitais internacionais”, em referência às sanções impostas a Moscou devido à guerra na Ucrânia. Assim, “quaisquer especulações sobre a discussão de novas operações do NDB na Rússia são infundadas”, alerta o NBD no informe.

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