Nova ordem

Reunião entre Dilma e Putin reforça busca de países por um mundo multipolar

Presidido pela ex-chefe do governo brasileiro, Novo Banco de Desenvolvimento, também chamado Banco do Brics, quer crescimento do Sul Global

Reprodução/Youtube
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Dilma e Putin se reuniram na quarta-feira (26), em São Patersburgo, na Rússia, e falaram sobre economias emergentes

São Paulo – No encontro entre Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na quarta-feira (26), o diálogo foi sutil e diplomático, mas sinalizou para o estreitamento de interesses entre os chamados Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O encontro reforça que os países caminham na busca por um mundo multipolar.

Além dos membros fundadores do bloco, atualmente o NDB, também chamado Banco do Brics, já tem incorporados outros três países-sócios: Bangladesh, Egito e Emirados Árabes Unidos. A reunião da ex-presidente brasileira e do líder russo se deu “à margem” da Segunda Cúpula Rússia-África – Fórum Econômico e Humanitário, realizada em São Petersburgo.

Embora permeados pela diplomacia, encontros como esse apontam para a chamada multipolaridade que vem sendo semeada a partir do Oriente, sob a liderança de China e Rússia. Segundo divulgado pelo próprio banco, Dilma e Putin conversaram sobre “o importante papel do NDB como instituição multilateral de desenvolvimento (…) para mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos Brics e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento (EMDCs)”.

Pelo crescimento do Sul Global

Em nota, o NDB afirmou o objetivo de se buscar “contribuir para o crescimento do Sul Global, apoiando seus países membros em seus esforços para atingir suas metas de desenvolvimento e cumprir seus compromissos ambientais”.

Dilma destacou que, de acordo com a chamada Estratégia Geral do NDB para 2022-2026, o banco está focado na expansão do financiamento em moeda local e na captação de recursos nos mercados domésticos de seus países membros.

“Durante o período estratégico de cinco anos, o NDB pretende fornecer 30% de seus compromissos totais de financiamento em moedas nacionais dos países membros”, diz a instituição em seu site oficial. Em sua passagem por São Petersburgo, Dilma participou também das atividades da cúpula Rússia-África.

Ela também destacou a importância, para o NDB, da próxima 15ª Cúpula do Brics na África do Sul, que será realizada em Joanesburgo, de 22 a 24 de agosto. O evento terá na pauta discussões “sobre os desafios enfrentados atualmente pelo desenvolvimento”, segundo a instituição.

Putin não participará presencialmente, devido ao mandado de prisão emitido contra ele em março pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, sob o pretexto da guerra na Ucrânia. Ele será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

NDB nasceu em Fortaleza

O NDB foi criado em 2014, durante a sexta cúpula do Brics, realizada em Fortaleza (CE). Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul assinaram o documento de fundação. As operações propriamente ditas tiveram início em 2015.

A histórica criação da instituição teve as assinaturas dos líderes dos países na época: Dilma Rousseff (Brasil), Narendra Modi (Índia), Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Jacob Zuma (África do Sul).