ARGENTINA

Avós da Praça de Maio anunciam identificação do ‘neto 133’

Organização argentina celebra descoberta do paradeiro de filho de Cristina Navajas, sequestrada pela ditatura militar em 1976, e Julio Santucho, ambos militantes do Partido Revolucionário dos Trabalhadores

Abuelas Plaza Mayo (twitter/abuelasdifusion)
Abuelas Plaza Mayo (twitter/abuelasdifusion)
Miguel Santucho, de barba e camisa branca, e Estela de Carlotto, à direita, com o microfone

São Paulo – As Avós da Praça de Maio anunciaram nesta sexta-feira (28), em entrevista coletiva, a identificação de mais um filho de presos políticos desaparecidos durante a ditadura militar da Argentina. O chamado “neto 133” é o filho de Cristina Navajas e Julio Santucho, ambos militantes do Partido Revolucionário dos Trabalhadores da Argentina.

“É uma alegria e nos dá a convicção de que estamos fazendo bem as coisas”, afirmou, de acordo com o Página12, a presidenta das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto. “É um jovem que agora sabe quem é de onde vem”, acrescentou, descrevendo-o como “uma pessoa muito doce e agradável”. Como de praxe, a organização mantiveram em sigilo a identidade do neto, cuja avó biológica, Nélida Navajas, faleceu em 2012.

Pai e irmão

O pai, Julio Santucho, celebrou a recuperação do filho falando sobre a companheira Cristina, que estava grávida quando foi sequestrada por agentes da repressão em julho de 1976. “Sei da provação que ela teve que passar. Cristina precisou de muita força de vontade para parir esse filho, o que é maravilhoso, é uma demonstração do caráter forte dela”, disse, segundo o Opera Mundi.

O irmão, Miguel Santucho, afirmou que “ele é muito parecido ao meu pai, os mesmos traços, o mesmo sorriso e o mesmo gosto futebolístico, ele é ‘bostero’, como eu”, brincou, referindo-se a como os torcedores do Boca Juniors são conhecidos. “Hoje eu ganhei um irmão e dois sobrinhos”, disse, ainda, revelando também que o neto 133 tem dois filhos.

Atrocidades

A organização Avós da Praça de Maio foi fundada em 1977 por mães de presos e presas políticas que se reuniam na praça em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, para reclamar pelo paradeiro dos seus filhos e netos. Elas dão sequência à missão de busca. A ditadura militar de 1976 e 1983 naquele país tinha como característica a apropriação de filhos de presas políticas. Estima-se que cerca de 500 foram tiradas de suas mães durante o período em que elas estavam presas, ou sequestradas ainda bebês para serem vendidas ou adotadas ilegalmente.

Leia Também


Leia também


Últimas notícias