Calamidade

Lula chega ao RS após alerta de ‘maior desastre da história’, segundo governo gaúcho

Situação no Rio Grande do Sul é “pior” que a do ano passado, com 13 mortos. Ao todo, 134 municípios foram afetados e a estimativa é que mais de 44 mil moradores tenham sido afetados pelas fortes chuvas

Marinha do Brasil/RS
Marinha do Brasil/RS
Há um aumento significativo no volume dos rios Jacuí, Pardo, Taquari e Caí

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros chegaram na manhã desta quinta-feira (2) ao Rio Grande do Sul para acompanhar de perto a situação do estado após as fortes chuvas que atingem a região desde quarta (1º). De acordo com a Defesa Civil, 13 pessoas morreram e 12 estão feridas em decorrência do temporal. Ao todo, 134 municípios foram afetados e há mais de 5 mil pessoas desalojadas e 3.079 desabrigados. O governo estadual também estima que 44.640 moradores tenham sido prejudicados pelas fortes chuvas.

Ainda na noite de ontem, o governador Eduardo Leite (PSDB) pediu aos moradores do Vale do Taquari que deixassem as áreas de risco e procurassem abrigos públicos ou outros locais seguros. Na região, a situação é crítica. Pela primeira vez, o rio Taquari passou a marca de 30 metros. O nível ultrapassa, inclusive, as enchentes de 2023 e 1941, segundo o serviço de meteorologia MetSul.

O governador estima que a destruição causada pelas chuvas nesses dias se torne o “maior desastre da história” gaúcha em termos de prejuízo material. Segundo ele, a situação é “pior” do que a registrada no ano passado, quando as inundações deixaram 50 mortos e grandes danos materiais. “Infelizmente, este será o maior desastre que nosso estado já enfrentou. Infelizmente, será maior do que o que assistimos no ano passado”, declarou no início da noite desta quarta, em Porto Alegre. Na ocasião, Leite também destacou a conversa com o presidente Lula, por telefone.

Ajuda federal

Viajaram com Lula os ministros da Secretária de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, da Integração Regional, Waldez Goes, da Casa Civíl, Rui Costa, e dos Transportes, Renan Filho. E também os comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Damasceno. O governo federal disponibilizou oito helicópteros para ajudar nos trabalhos de resgate.

Segundo Paulo Pimenta, em função das condições climáticas, o presidente fará reuniões com as autoridades envolvidas em Santa Maria e vai analisar a possibilidade de sobrevoar outras regiões do Rio Grande do Sul.

Guerra e caos no Rio Grande do Sul

“Estamos vivendo um momento muito crítico no estado”, ressaltou o governador, que empregou ainda termos como “guerra” e “caos” para classificar a situação. De acordo com o governador, deslizamentos de terras estão ocorrendo em boa parte do estado, dificultando o trabalho de resgate.

“Por isso precisamos que a população se coloque o máximo possível em condições de segurança. As pessoas às vezes acham que a água não vai chegar nas suas casas, mas estamos alertando que (principalmente) onde ela já chegou no passado, deve voltar a chegar desta vez”, enfatizou o governador ao pedir que as pessoas deixem as áreas de risco e estejam atentas à possibilidade de deslizamentos e de transbordamento de rios.

Leite destacou que pediu ao governo federal também a participação e a liderança daqueles que têm treinamento “para uma situação de caos e de guerra como a que estamos enfrentando no estado”, acrescentou. “(Estes) são problemas que exigem especial capacitação, treinamento e equipamentos para fazer os salvamentos. Por isso, tenho apelado ao governo federal para termos não só o apoio – que está sim sendo oferecido – mas também a liderança e coordenação efetiva deste processo, pois eu não tenho ascendência sobre as Forças Armadas para dar a articulação e organização necessárias”, mencionou.

Calamidade pública

O Ministério da Defesa informou que desde terça (30), 335 militares da Aeronáutica, Exército e Marinha estão mobilizados para apoiar a população gaúcha. Doze embarcações, cinco helicópteros e 43 viaturas, além de equipamentos para transporte de material e pessoal estão sendo empregados. Unidades da federação, como São Paulo e Santa Catarina, também ofereceram ajuda ao governo do Rio Grande do Sul.

O governador anunciou que ainda pedirá ao governo Lula alguma solução para evitar prejuízos aos gaúchos inscritos no Concurso Público Nacional Unificado, que será realizado neste domingo (5). Logo depois da coletiva, o governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública em edição extra do Diário Oficial. O decreto estabelece que órgãos públicos prestem apoio à população nas áreas afetadas, em articulação com a Defesa Civil.

Há um aumento significativo no volume dos rios Jacuí, Pardo, Taquari e Caí. Nos próximos dias, as regiões norte e nordeste do estado também devem começar a sofrer as consequências das chuvas. Locais com barragens estão sob alerta e os planos de atendimento em caso de emergência foram ativados.

Redação: Clara Assunção com informações da Agência Brasil e da Folha de S. Paulo