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Saídas para crise ambiental: MST realizará a 2ª Jornada da Natureza no Paraná

Programação entre os dias 27 de maio e 8 de junho, para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente e o Dia da Mata Atlântica, vai lançar 15 toneladas de sementes de juçara e araucária em áreas degradadas

Juliana Barbosa/MST PR
Juliana Barbosa/MST PR
Natureza restaurada: A semente de juçara lançada em 2023 germinou e cresce forte onde não há exemplares adultos

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná realizará entre os dias 27 de maio a 8 de junho a 2ª Jornada da Natureza – Semeando vida para enfrentar a crise ambiental. As ações, previstas para todas as regiões do estado, vão marcar o Dia da Mata Atlântica e o Dia Mundial Meio Ambiente, celebrados em 27 de maio e 5 de junho, respectivamente. O lançamento de 10 toneladas de sementes de palmeira juçara e 5 toneladas de pinhão, a semente a araucária, estão entre as principais atividades.

Segundo o movimento, a Jornada reforça a integração da luta pela reforma agrária com ações de enfrentamento à crise ambiental com danos incalculáveis à vida com Rio Grande do Sul e e em diversas partes do planeta. Ao mesmo tempo, faz parte do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, proposta do MST que busca intensificar a recuperação ambiental e a produção de alimentos saudáveis. A meta é plantar 100 milhões de árvores até 2030.

“Nosso objetivo é trazer o debate sobre a importância de grandes medidas para enfrentar a crise ecológica. É a organização popular tomando a frente, mostrando que é possível fazer a luta pela terra, produzir alimentos e cuidar do meio ambiente”, explica Tarcísio Leopoldo, integrante da direção estadual do MST e produtor agroecológico na comunidade Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região central do Paraná. A comunidade, aliás, participará pela segunda vez da para lançamento de sementes de palmeira juçara, planta em risco de extinção, conhecida como açaí da Mata Atlântica.

A semeadura da juçara será feita em parceria com as comunidades Guarani e Kaingang da Terra Indígena de Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, com o assentamento Agroflorestal José Lutzenberger, em Antonina, e com outras comunidades tradicionais do litoral paranaense.

Recomposição florestal em resposta à crise ambiental

O plantio de árvores também se estenderá aos municípios de Pinhão e Guarapuava, com o lançamento do pinhão. A ação será em comunidades da reforma agrária, de quilombolas, faxinalenses e posseiros.

As sementes estão sendo coletadas em mutirão nas próprias áreas da reforma agrária, por famílias camponesas moradoras das comunidades. Assim como a juçara, a araucária também corre risco de extinção devido à exploração predatória com fins comerciais e madeireiros.

Além das semeaduras, estão previstas mais de 30 oficinas relativas a questões ambientais em diversos municípios e implantação de sistemas agroflorestais comunitários. Entre as oficinas, estão as de araucária enxertada e pinhão na culinária.

Em junho de 2023, a comunidade Dom Tomás Balduíno recebeu a primeira edição da Jornada da Natureza com a Festa da Semeadura da Juçara. Na ocasião, em conjunto com órgãos públicos, foram lançadas quatro toneladas de sementes da palmeira juçara em uma área de 67 hectares de reserva legal da reforma agrária.

Polícia Rodoviária Federal, parceria na 1ª Jornada, em 2023, e também agora nesta segunda

Sementes lançadas em jornada de 2023 germinaram, dizem pesquisadores

Cerca de cinco meses após, pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, Ibama e Itaipu Binacional avaliaram a germinação das sementes e o crescimento de várias mudas. Algumas estão hoje com mais de 50 centímetros e já ocupam espaço no sub-bosque da floresta onde não existem exemplares adultos da juçara.

Conforme dados do Instituto Água e Terra do Paraná (IAT) sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a média de cobertura vegetal nativa nos 333 assentamentos rurais no Paraná foi de 29,51% em 2021. Essa média está acima do que indica o Código Florestal, que é de 20% de reserva legal.

Esses números da reforma agrária contribuem para proteger e restaurar o que resta da Mata Atlântica, uma das mais ricas em diversidade de espécies e ameaçadas do planeta, segundo a engenheira florestal Claudia Sonda, do Instituto Água e Terra (IAT). Hoje, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente.

Confira a programação


2ª Jornada da Natureza – Semeando vida para enfrentar a crise ambiental

27/5 – Dia da Mata Atlântica
Local: Comunidade Nova Aliança, Pinhão
Atividade: Oficina de enxertia de pinheiro araucária com Professor Flávio Zanette (UFPR), e implementação de Sistema Agroflorestal de araucária enxertada, erva-mate e outras árvores nativas.

28/5
Local: Comunidade Nova Aliança, Pinhão
Atividade: Oficina “Pinhão na Culinária” com Embrapa e nutricionistas da Unicentro.

03/6
Local: Comunidade da Reforma Agrária Dom Tomás Balduíno, Quedas do Iguaçu
Atividade: Lançamento de sete toneladas de palmeira juçara.

04/6
Local: Terra Indígena Rio das Cobras, Nova Laranjeiras
Atividade: Lançamento de duas toneladas de palmeira juçara e plantios de erva-mate, araucária, outras árvores nativas e mandioca.

05/6 – Dia Mundial do Meio Ambiente
Local: Complexo Zattar, Guarapuava e Pinhão
Atividade: Lançamento de cinco toneladas de pinhão.

07/6
Local: Comunidade José Lutzenberger, Antonina
Atividade: Lançamento de uma tonelada de palmeira juçara.

A 2ª Jornada da Natureza do MST tem uma extensa parceria:

  • Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
  • Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS)
  • Superintendência do Instituto de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR)
  • Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF)
  • Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
  • Itaipu Binacional
  • Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa)
  • Secretaria Comunicação Social do Governo Federal
  • Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA)
  • Cooperativa de Crédito Rural de Pequenos Agricultores e da Reforma Agrária do Centro Oeste do Paraná (Crehnor)
  • Universidade Federal da Fronteira Sul campus Laranjeiras do Sul (UFFS)
  • Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  • Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)
  • Instituto Água e Terra (IAT) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR)

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Redação: Cida de Oliveira