Tragédia

Barragem rompe com as chuvas no RS e número de mortos sobe para 24

Outras 12 barragens estão sendo monitoradas, cinco delas em estado de alerta devido ao volume de águas. Além dos mortos, 21 pessoas estão desaparecidas

Reprodução/Youtube
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São Paulo – A barragem da hidrelétrica 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves (RS), rompeu-se parcialmente na tarde desta quinta-feira (2), segundo informou o governo do Rio Grande do Sul. A unidade pertencente à Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) não suportou o volume de água devido às fortes chuvas desde o último dia 24, que já deixaram ao menos 24 mortos. Outras 21 pessoas estão desaparecidas. As operações de resgate estão sendo prejudicadas pelo mal tempo.

Como a parte que se rompeu apoiava a estrutura principal, há expectativa de rompimento total, alertou o vice-governador Gabriel Souza por meio das redes sociais. Por isso os moradores foram orientados a deixar as áreas imediatamente e subir para ao menos seis metros acima do nível do rio.

Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), a água deverá descer pela bacia do rio Taquari-Antas. Embora não tenha sido prevista devastação na região, a população foi alertada para novas ocorrências e evacuou os locais.

Segundo a Defesa Civil, houve ordem para que moradores deixassem suas casas em áreas de risco nos municípios de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado. Além disso, cada prefeitura está providenciando abrigos públicos para as pessoas que não tiverem locais alternativos, bem como rotas de fuga e pontos de segurança.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão responsável pela barragem, investiga o rompimento. Segundo informou, a estrutura já estava submersa e houve uma movimentação mais turbulenta da água, possivelmente pelo comprometimento da chamada ombreira direita.

Possibilidade de rompimento da barragem já era considerada

“O grande problema agora é a velocidade com que a água vai descer rumo a Santa Bárbara e Santa Tereza. A altura da água não deve mudar muito, porque o nível do Rio das Antas estava passando sobre a barragem. O risco agora é a vazão a partir da barragem 14 de Julho”, disse o secretário da Casa Civil, Artur Lemos, que está no gabinete avançado no distrito de Farias Lemos, em Bento Gonçalves.

Segundo o governo, a possibilidade de rompimento já era considerada. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental informou que a empresa Ceran já havia acionado, na quarta-feira, o Plano de Ação de Emergência da barragem.

A Secretaria do meio Ambiente e Infraestrutura informou que monitora as estruturas de outras 13 barragens de usos múltiplos em estado de alerta. Cinco delas já em processo de evacuação:

  • Barragem Santa Lúcia, em Putinga;
  • Barragem São Miguel do Buriti, em Bento Gonçalves;
  • Barragem Belo Monte, em Eldorado do Sul;
  • Barragem Dal Bó, em Caxias do Sul; e
  • Barragem Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.

A Aneel e o Operador Nacional do Sistema acompanham outras cinco barragens de geração de energia elétrica no estado em atenção. 

Confira barragens em situação de atenção

  • Capigui, em Passo Fundo;
  • Guarita, em Erval Seco;
  • Herval, Santa Maria do Herval;
  • Passo do Inferno, São Francisco de Paula e
  • Monte Carlo, Bento Gonçalves – Veranópolis.

“Saiam das zonas abaixo da cota [de seis metros]. A situação é gravíssima, muito séria. Precisamos que todos, imediatamente, sigam essa orientação sob pena de perdermos muitas vidas”, disse o vice-governador Gabriel Souza.

Segundo engenheiros, há a possibilidade de rompimento de barragem no Complexo Dal Bó. Tanto que, segundo o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caxias do Sul, as comportas estão 100% abertas. As casas próximas ao ponto de sangria foram evacuadas por risco de alagamento.

Diante da situação causada pelas fortes chuvas desde o último dia 24, o governo gaúcho decretou estado de calamidade pública no estado. O decreto tem um prazo de 180 dias. “A situação de anormalidade declarada em âmbito estadual por este Decreto não obsta o início ou o prosseguimento das declarações em âmbito local pelos Municípios, que poderão ser avaliadas e homologadas pelo Estado”, diz o texto.

Pela manhã Eduardo Leite se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Base Aérea de Santa Maria. No encontro ambos criaram uma sala de situação integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas. O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff Barreiros, permanecerá no estado, no centro de comando, para representar o governo federal em um centro integrado com os demais níveis de governo para garantir uma resposta rápida para a crise causada pelas chuvas. As Forças Armadas também foram colocadas à disposição para operações de resgate.

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Redação: Cida de Oliveira, com Uol


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