Perseguição

Ativista ícone da resistência palestina é presa pelo exército de Israel

Ahed Tamimi, de 22 anos, é acusada por Israel de “incitar o ódio” em publicação atribuída à ativista palestina. Mãe da jovem nega autoria e denuncia desaparecimento de seu marido, também militante pelos direitos humanos

Reprodução
Reprodução
Ahed Tamimi é um símbolo mundial da causa palestina e um exemplo de coragem diante da repressão histórica de Israel à Palestina

São Paulo – O exército de Israel anunciou nesta segunda-feira (6) a prisão da ativista palestina Ahed Tamimi, de 22 anos. Ela foi detida em Nabi Saleh, sua cidade natal localizada na Cisjordânia, durante uma operação do governo de Benjamin Netanyahu para “deter indivíduos suspeitos de participar de atividades terroristas e incitar o ódio”. Ahed Tamimi é conhecida em todo o mundo por lutar, desde os 13 anos de idade, contra a ocupação israelense no território palestino.

A ativista é acusada de incitar a violência com base em um suposto post, atribuído a ela. No texto, ela teria pedido o “massacre” de israelense em “todas as cidades da Cisjordânia, Hebron e Jenin”. O motivo foi mencionado por um porta-voz de segurança de Israel, que compartilhou a captura de tela da postagem com a agência de notícias internacionais AFP. À reportagem, porém, a mãe da ativista, Narimane Tamimi, negou que a filha tenha feito publicações incitando o terrorismo.

“Eles a acusam de ter publicado uma mensagem que incita a violência, mas Ahed não a escreveu. Há dezenas de contas (nas redes sociais) com a foto de Ahed, mas com as quais ela não têm vínculo. Quando Ahed tenta abrir uma conta, ela é bloqueada imediatamente”, declarou a mãe. Narimane também denunciou que, desde 20 de outubro, está sem notícias do marido, Bassem al Tamimi. Também defensor dos direitos humanos, ele foi detido ao retornar de uma viagem.

Símbolo da resistência

A jovem presa por Israel ficou conhecida aos 13 anos de idade, por sua imagem enfrentando dezenas de soldados, carregados de capacetes e metralhadoras, no meio de estrada deserta. A imagem correu o mundo. Em dezembro de 2017, aos 17 anos, a ativista chegou a ser presa pelo exército israelense no pátio de sua casa por protestar contra uma ação de violência, que reprimia palestinos da vila de Nabi Saleh.

Em um vídeo que viralizou, Ahed aparece brigando com dois agentes de Israel, exigindo que eles deixassem a vila. Na ocasião, a população local também protestava contra a declaração do então presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, que reconheceu Jerusalém como capital de Israel. Ela ficou oito meses presa em Sharon, cidade israelense. Ao deixá-la, em julho de 2018, Ahed declarou “a resistência continua até que a ocupação termine”.

Desde então ela se tornou uma símbolo mundial da causa palestina e um exemplo de coragem diante da repressão histórica de Israel à Palestina.

Ataques são intensificados

Além da prisão, o Ministério da Saúde do Hamas em Gaza afirmou nesta segunda que os bombardeios israelenses firam intensificados. Pelo menos mais 200 pessoas foram mortas na madrugada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) na Palestina já havia revelado, no sábado (4), um balanço de 102 unidades de Saúde atacadas na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro, quando o conflito teve início. Nessas ações, 504 pessoas morreram e 459 ficaram feridas, além de 31 ambulâncias que foram danificadas.

A escalada de tensão na região só aumenta a apreensão de milhares de estrangeiros, incluindo brasileiros, que aguardam para deixar a zona de conflito por Rafah, na fronteira com o Egito. Pouco depois da divulgação da quarta lista de pessoas autorizadas a deixarem o território palestino, a passagem de Rafah, única saída possível atualmente, foi novamente fechada devido a um ataque israelense, na sexta (3), a um comboio de ambulâncias perto do maior hospital da região.

O exército israelense confirmou ter sido responsável por este ataque, alegando que ao menos um integrante do Hamas estaria dentro de uma das ambulâncias tentando chegar ao Egito. Mas equipes de saúde no local garantem que apenas civis feridos eram transportados.

Redação: Clara Assunção
(*) Com Opera Mundi e Brasil de Fato