Ajustes

Argentina nomeia ‘superministro’ para tentar resolver crise econômica e política

Novo ministério da Economia ficará a cargo de Sergio Massa, atual presidente da Câmara dos Deputados

Eduardo Maretti
Eduardo Maretti
Governo Fernández tenta resolver pelo Congresso Nacional crise que abala Argentina

São Paulo – O presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, Sergio Massa, será o comandante de um novo “superministério” da Economia. Será mais uma tentativa de tirar a Argentina da grave crise econômica e política em que está mergulhada. Os ministérios da Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pesca serão unificados. A ministra da Economia, Silvina Bataki, renunciou nesta quinta-feira (28) depois de apenas algumas semanas no cargo.

Bataki foi nomeada pelo presidente Alberto Fernández no dia 3 deste mês, depois da renúncia do então ministro Martin Guzmán. Assim como o próprio Fernández, o novo ministro foi chefe de gabinete da presidência de Cristina Kirchner, entre 2008 e 2009. Mudou para a oposição e depois voltou ao peronismo para derrotar o neoliberal Mauricio Macri em 2019.

“O presidente Alberto Fernández decidiu reorganizar as áreas econômicas de seu gabinete para melhor funcionamento, coordenação e gestão. Nesse sentido, os ministérios da Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pescas serão unificados, incluindo também as relações com organismos internacionais, bilaterais e multilaterais de crédito. O novo ministério ficará a cargo de Sergio Massa, atual presidente da Câmara dos Deputados, assim que seu afastamento da bancada for resolvido”, diz o governo em nota.

Saída pela política

O novo ministro é considerado competente articulador político nos meios entre o presidente Alberto Fernández e os aliados da vice-presidente Cristina Kirchner. A conjuntura revela o fracasso do “desenho político inédito” – na definição do jornalista Mario Wainfeld – implementado após a eleição de Fernández: a “diarquia”, divisão de poder entre o chefe do Executivo e Cristina, conforme escreveu o analista no jornal Página|12.

O sistema de governo “foi forçado pela necessidade, pela urgência, que justificava (ou obrigava) a correr riscos”, diz Wainfeld. Segundo o analista, “o experimento correu razoavelmente bem até a perda nas Primárias Abertas”, e por fim chegar a seu pior momento

Na quinta, o Banco Central argentino elevou a taxa básica de juros em 8 pontos percentuais, para absurdos 60%. É a sétima alta neste ano. Há a expectativa de que a inflação argentina ultrapasse os 80% em 2022. A inflação gira em torno de 65% no acumulado de 12 meses.