Luta por consenso

‘Não sou salvador’, diz Sergio Massa, novo ‘superministro’ da Economia da Argentina

Para tentar começar a debelar uma crise econômica e política, Alberto Fernández recorreu a um nome do Congresso Nacional

Twitter/ Alberto Fernández
Twitter/ Alberto Fernández
O novo ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, em reunião com o presidente Fernández

São Paulo – O novo “superministro” da Economia da Argentina, Sergio Massa, prometeu para a próxima quarta-feira (3) anunciar “um conjunto de medidas”. Ex-presidente da Câmara de deputados nacional, ele toma posse na terça. A decisão do governo de colocar Massa no comando de um “superministério” é uma tentativa de começar a debelar uma crise econômica e política. Por isso, o presidente Alberto Fernández recorreu a um nome de fora do ambiente técnico.

Apesar do poder que vai concentrar em sua pasta, Massa se pronunciou por meio de sua conta no Twitter defendendo trabalho em equipe. “Não sou nenhum salvador. A política não precisa de salvadores, mas de servidores”, escreveu o novo superministro da Economia da Argentina. “Os problemas econômicos não se resolvem com uma pessoa, mas com trabalho em equipe.”

A pasta que Massa vai chefiar será a fusão da Economia – no lugar de Silvina Batakis –, com Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pesca. Nas postagens de sexta-feira, Massa afirmou que “ordem, coordenação e planejamento são os pilares” para encontrar soluções para os problemas, exigidas por “homens e mulheres argentinos”.

FMI no meio do caminho

A Argentina tem um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) – envolvendo um ajuste fiscal e um programa de crédito de US$ 44 bilhões – firmado no começo do ano pelo governo de Alberto Fernández.

Mas isso tem origem no governo do neoliberal de Mauricio Macri. Em 2018, o então presidente, pressionado pela alta descontrolada do dólar, recorreu ao organismo de crédito e justificou dizendo que a Argentina era um dos países do mundo “que mais necessitam de financiamento internacional, como resultado do enorme gasto público que herdamos”.

A herança deixada por Macri, por sua vez, foi negociada pelo ministro Martin Guzmán, de Alberto Fernández, a contragosto da vice-presidente, Cristina Kirchner, que se colocou claramente contra as negociações com o FMI. O racha entre o presidente e a vice era explícito. O acordo foi fechado em março. Guzmán caiu no início de junho, Silvina Batakis o substituiu, mas não ficou nem um mês no cargo.

O novo ministro, por sua vez, não ignora a tarefa hercúlea que tem pela frente: resolver o problema da dívida que estrangula a economia do país, uma inflação de cerca de 65% em 12 meses e juros básicos de 60%. “Sou consciente das dificuldades e desafios, como bem aponta o presidente, do presente e do futuro do país”, disse Massa, também na sexta-feira. Ele sabe, porém, que superar a crise econômica dependerá de um entendimento sincero entre Fernández e Cristina Kirchner.