Ketchup na pizza

Tarcísio foge dos debates porque não conhece São Paulo, diz Emídio

Emídio de Souza, coordenador da campanha de Haddad, diz que assim como Tarcísio não conhece São Paulo, os paulistas também não conhecem o candidato

Divulgação
Divulgação
"Estamos diante de um candidato que não tem autonomia", diz Emídio sobre bolsonarista em São Paulo

São Paulo – Candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas cancelou a sua participação em debate nesta segunda-feira (17), no programa Roda Viva, da TV Cultura, junto com o candidato Fernando Haddad (PT). Mas declinou do convite. Na última sexta (14), Tarcísio também se ausentou do debate promovido por SBT, O Estado de S. Paulo, Rádio Eldorado, CNN, revista Veja, portal Terra e rádio Nova Brasil. Sem a presença de Tarcísio, o evento se transformou em sabatina, contando apenas com a participação de Haddad. Do mesmo modo, o debate da Record, que seria realizado no sábado (22), também foi cancelado, após Tarcísio confirmar sua ausência.

Carioca, Tarcísio, escalado para disputar a eleição em São Paulo por Bolsonaro, só enfrentou Haddad no debate promovido pela Band, na semana passada. Na ocasião, os candidatos travaram um debate civilizado, mas Haddad se saiu melhor em responder a questões urgentes do estado, como emprego, saúde e educação. Tarcísio se limitou a dar respostas genéricas, com fórmulas simples para problemas complexos. Os candidatos voltarão a se encontrar apenas no debate da TV Globo, no próximo dia 27, a três dias do segundo turno.

“O Haddad é um candidato muito consistente, ficou claro no debate da Band. Tanto ficou claro, que o Tarcísio desistiu dos próximos debates”, afirmou o deputado estadual Emídio de Souza, coordenador do programa do candidato petista, em entrevista à Revista Brasil TVT. Para ele, o candidato bolsonarista é “tão frágil”, que pode “cair” diante de perguntas simples. Por exemplo, como ocorreu quando foi questionado sobre o seu local de votação e não soube responder. “Ele é um candidato que decorou algumas coisas de São Paulo, e sai repetindo. Está ficando claro o despreparo e desconhecimento dele sobre o estado de São Paulo.”

Salto no escuro

Nesse sentido, Emídio lamentou a ausência de Tarcísio nos debates. De acordo com ele, perdem a democracia e o cidadão. “Estamos diante de um candidato que não conhece São Paulo, e São Paulo não conhece ele.” Assim, o coordenador diz que o candidato bolsonarista se esconde, em vez de expor suas ideias para os principais desafios do estado, em áreas como mobilidade urbana, segurança pública, saúde e educação.

Emídio também atacou as supostas realizações do candidato adversário. “O investimento que o ministério dele fez em São Paulo é nada. Se resume a 18 quilômetros de asfalto na (rodovia) BR-153, no interior do estado. Só, mais nada.” O restante dos feitos alegados por Tarcísio existe apenas “no papel”.

Por outro lado, Emídio destacou que Haddad vem tratando de explicar o que pretende fazer, se eleito. Entre outras, ele citou a proposta de zerar o ICMS dos alimentos da cesta básica e também da carne. Outra promessa é criar o bilhete único metropolitano. Além disso, também pretende fomentar o turismo e combate a guerra fiscal que vem acarretando na saída de indústrias para outros estados.

Negacionismo

Emídio destacou ainda que Tarcísio é herdeiro do negacionismo de Bolsonaro. “Bolsonaro é um sujeito que nega a ciência. Ele vai negar também aqui em São Paulo. Nós somos a terra da ciência, da pesquisa e da inovação”. E o negacionismo cientifico vai além, segundo ele, das questões de saúde. “Quando ele fala que vai tirar as câmeras da farda dos policiais, o que ele tá dizendo é o seguinte: ‘eu não estou nem aí para os dados que falam que diminuiu o número de homicídios’.”

Do mesmo modo, Emídio teme que, em caso de derrota de Bolsonaro e vitória de Tarcísio, São Paulo sirva como refugio para o bolsonarismo e suas práticas. “Ele (Bolsonaro) vai trazer toda essa turma, do ministério dele, os filhos dele, tudo para socar aqui. Essa turma que comandou a Educação no Brasil nos últimos anos, com cinco ministros da Educação, um deles preso. A primeira vez que um ministro da educação foi preso na história do país – barra de ouro, negociação de emenda, é isso que nós vamos querer aqui?”

Tarcísio nega, até mesmo, as suas próprias palavras e decisões políticas. Foi o caso, por exemplo, da relação com o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB). Há duas semanas, o bolsonarista chegou a afirmar que “não faria sentido” estar ao lado do tucano durante o segundo turno. Poucas horas depois, Bolsonaro desembarcou em São Paulo para fechar a aliança com Rodrigo, que declarou apoio “incondicional” a Tarcísio.

Forasteiro

Para Emídio, o problema não é que Tarcísio é nascido em outro estado. “O problema é ter acabado de chegar. Ele chegou em abril. Se ele morasse aqui há 10, 15 anos, vamos lá. Agora, alguém que mora aqui há quatro, cinco meses querendo governar o estado como esse, ele Tarcísio vai poder ir a debate mesmo, porque ele não sabe nada, ele não tem o que propor. Ele fala generalidades apenas.”

Dessa forma, apesar de Tarcísio ter ficado em primeiro lugar no primeiro turno, Emídio diz que Haddad tem “todas as condições de reverter o jogo”.

Assista à entrevista de Emídio de Souza ao Revista Brasil TVT