Segurança pública

Haddad defende valorizar e integrar polícias para desmontar organizações criminosas

Em entrevista ao “Roda Viva”, candidato defendeu integração entre as polícias Militar e Civil para que as ações de investigação sejam efetivas e as forças de segurança atuem com mais inteligência

Reprodução / TV Cultura
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“Nós queremos policiamento ostensivo, de uma polícia comunitária, com vínculos com o bairro, que trate a pessoa como cidadão", afirmou Haddad

São Paulo – O candidato ao governo de São Paulo neste segundo turno Fernando Haddad (PT) disse que uma das estratégias para a segurança pública no estado, se for eleito, será integrar a Polícia Civil à Polícia Militar. Segundo Haddad, essa integração é necessária para que a investigação de crimes seja mais efetiva e as forças de segurança pública possam atuar com mais inteligência.

“Nós queremos policiamento ostensivo, de uma polícia comunitária, com vínculos com o bairro, que trate a pessoa como cidadão, que seja respeitado como profissional de segurança. Mas nós estamos insistindo em um tema: se nós não dermos consequência à investigação nós não vamos chegar na organização criminosa e vamos ficar enxugando gelo”, afirmou Haddad ao participar na noite desta segunda-feira (17) do programa Roda Viva na TV Cultura.

Ele explicou que sem a investigação, com o modelo atual de valorizar somente as forças repressivas, “você prende em flagrante, lota as cadeias e não desbarata a quadrilha que alicia e recepta os bens dos crimes patrimoniais, o que não vai resolver”. Haddad destacou que é preciso ter uma Polícia Civil integrada à Polícia Militar e valorizada como foi feito nos governos Lula e Dilma com a Polícia Federal. “Conseguimos fazer com que a Polícia Federal tivesse um grau de excelência muito grande e precisamos de uma Polícia Civil de excelência”, defendeu. “Se fizermos isso vamos ter resultados muito melhores.”

Tiroteio em Paraisópolis

Na entrevista, Haddad também disse que o “bolsonarismo está fazendo um uso oportunista” do tiroteio que aconteceu em Paraisópolis, na Zona Sul da capital, na manhã desta nesta segunda-feira (17) e que interrompeu uma agenda do seu adversário neste segundo turno, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Haddad participou de edição especial do Roda Viva, sem a presença do adversário neste segundo turno. Tarcísio havia cancelado sua presença ao programa já na última semana, antes, portanto, do ocorrido nesta segunda.

O candidato do Republicanos, líder nas pesquisas, também não compareceu a debate organizado por um pool formado por Estadão, Rádio Eldorado, SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil na última sexta (14), quando o petista também compareceu sozinho. No primeiro turno, Tarcísio teve 42,3% dos votos válidos, e Haddad, 35,7%.

Ao Roda Viva, Haddad também afirmou ver “com muita preocupação” o fato de a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) ter incluído o episódio em Paraisópolis em seu programa eleitoral na TV na noite desta segunda. “Eu mesmo, uma hora da tarde, liguei para o Tarcísio, que me retornou sete da noite, seis horas depois, devia estar atribulado. E me relatou que ele próprio descartava qualquer motivação política do que teria acontecido lá em Paraisópolis.”

“Eu acho que o bolsonarismo está fazendo um uso oportunista. Esse tipo de coisa põe em risco a vida do Tarcísio e a minha. Eu não ando, por exemplo, com segurança armado. Eu não ando com um policial militar à paisana, nem me foi oferecido policial militar à paisana, como foi oferecido para ele. Eu tenho segurança, mas eu faço questão de não andar com segurança armado. Então isso coloca em risco a integridade dos candidatos, a partir do momento que você faz um tipo de alarde dessa natureza, de forma oportunista, para tentar ganhar algum dividendo eleitoral.”

Leia também: Propaganda de Bolsonaro cita ‘ataque’ a tiros em Paraisópolis descartado pela polícia e até por Tarcísio

Sobre a intolerância religiosa

No início da entrevista, a apresentadora Vera Magalhães falou sobre pesquisa eleitoral e perguntou quais as estratégias do PT para alinhar a campanha nacional com a paulista. Haddad iniciou fazendo uma análise dos últimos levantamentos e disse que o episódio em Aparecida, interior de São Paulo, no último dia 12 de outubro, pode fazer a diferença.

“Fiz um discurso hoje para religiosos falando sobre a história da minha família. Sou neto de sacerdote cristão e meu avô, no Líbano, mandou a família para o Brasil em busca de liberdade religiosa. Na época, eles eram uma minoria de 10% de cristãos contra 90% de muçulmanos. […] Essa situação voltou com o Bolsonaro e é um caldo de cultura muito perigoso”, explica o candidato.

Haddad ainda diz que teme, em caso de reeleição da Bolsonaro, tornar a intolerância religiosa como política de Estado. “Bolsonaro é um presidente violento e que não perde a oportunidade de criar divisão para tirar proveito político. Portanto, é um presidente perigoso”, conclui.

Confira o Roda Viva


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