2º turno paulista

Haddad em Sorocaba: educação e inovação para modernizar todo o estado

Em passagem pela cidade de Sorocaba, candidato do PT ao governo de São Paulo detalhou diversos pontos de seu programa de governo. Do outro lado, Tarcísio de Freitas desmarca debates

Reprodução/Twitter Fernando Haddad
Reprodução/Twitter Fernando Haddad
Para Haddad, São Paulo corre risco de "trazer problemas que não são nossos para cá", com seu adversário Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro (PL)

São Paulo – O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) esteve nesta quinta-feira (13) em Sorocaba, no interior do estado, onde passou por sabatina na TV TEM, afiliada da Rede Globo. O ex-ministro e ex-prefeito da capital destacou seu compromisso de trazer inovação à região. Também falou de seu programa de governo para as áreas de educação e criação de empregos em diferentes setores, respeitando a vocação de cada município paulista, para modernizar todo o estado. 

Haddad começou sua proposta detalhando a política de fomento agrícola que pretende adotar aliada à pesquisa. “O estado de São Paulo é uma potência agrícola graça ao fato de que aqui a terra ociosa é muito pouca, as pessoas efetivamente plantam, colhem e vendem a sua produção”, observou o petista.

De acordo com o candidato, o agronegócio, atividade de peso na região, deve estar alinhado à tecnologia e a ciência de ponta. O que demanda mais investimentos nos centros de produção de conhecimento, como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). 

“Eu sou professor da Universidade de São Paulo há mais de 25 anos e posso te assegurar que, se nós investimos em mais tecnologia, nós vamos aumentar a nossa produção. Nós vamos poder produzir alguns insumos do agronegócio aqui em São Paulo, por exemplo, fertilizantes”, justificou Haddad. Segundo o candidato do PT, o estado pode ter uma grande fábrica de fertilizantes, fortalecendo as universidades públicas e as aproximando do setor privado. O que deve inclusive contribuir para a indústria paulista, garante ele. 

Ciência e indústria

O ex-prefeito explica ainda que é possível “harmonizar todos os setores para gerar emprego de qualidade”. “O estado de São Paulo está no governo Doria/Bolsonaro perdendo indústria. Todo mês tem um anúncio de uma indústria que deixou São Paulo. Isso aconteceu no Vale do Paraíba, região de Campinas e de Rio Preto. Empresas que foram pra Minas, pro Mato Grosso do Sul, pra zona franca de Manaus. Como combater a guerra fiscal? Aliando o agro, a ciência e tecnologia e industrializando o estado. Tá aí o motor flex da tecnologia nacional”, propôs. 

Em segundo lugar nas pesquisas, atrás do candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), Haddad também comentou sobre o desafio de ampliar sua votação principalmente no interior do estado. Para o petista, é natural que na cidade de São Paulo e regiões metropolitanas sua votação tenha sido mais expressiva dada sua gestão à frente da prefeitura entre 2013 e 2016. Agora, ele busca trazer os benefícios implementados na capital para interior visando atrair o eleitorado da região. 

“Como o bilhete único metropolitano, como os CEUs, que são os grandes equipamentos de cultura, educação, tecnológico e de lazer, como são as praças wi-fi, os FabLabs, a iluminação LED, e isso tem seu prazo de maturação. Nós agora estamos a 3% de diferença do meu adversário. De acordo com a última pesquisa divulgada ele está com 46% eu estou com 41%, se 4% das pessoas mudarem de opinião, nós vamos ter êxito em fazer o maior governo que o estado de São Paulo já viu, porque eu tenho a melhor equipe”, defendeu Haddad. 

Críticas a Tarcísio

O candidato também comparou sua experiência a de seu adversário ao lembrar dos principais problemas enfrentados pela população do interior paulista, como congestionamentos, falhas e lentidão no transporte da CPTM e altas tarifas de pedágio. 

Sobre as rodovias paulistas, que acabam ficando estranguladas e prejudicam principalmente o transporte de cargas, Haddad destacou que a solução é o trilho, assim como para o transporte de massa. 

“Campinas, Sorocaba, São José dos Campos, Baixada Santista, tem que estar interligadas por trilho. Há quatro anos atrás, alguém veio aqui e prometeu. O (ex-governador João) Doria e o Bolsonaro prometeram ter intercidades. O Tarcísio, meu adversário, foi ministro da Infraestrutura por quatro anos. Você viu alguma obra de infraestrutura do Tarcísio em São Paulo? Você não viu nenhuma, porque não aconteceu. Ele mudou pra São Paulo há alguns meses. Ele não é de São Paulo”, afirmou o ex-prefeito. 

Mais propostas

“Ele quer vender a Sabesp, por exemplo, sem conhecer a Sabesp, sem saber que a venda da Sabesp vai encarecer, em dez anos, a sua conta de água que vai, no mínimo, dobrar com a privatização. Não é por mal que ele faz isso. É por desconhecimento do estado de São Paulo”, completou. Haddad também prometeu que ira rever os contratos da CPTM que, hoje, estão fatiados, segundo ele. 

“O governo fica com o osso que são as linhas que dão prejuízo e vendem, fazem a concessão, das linhas que lucro”, critica. “Você tem que colocar uma parte da linha não lucrativa no pacote pra funcionar o sistema como um todo. E isso o governo do estado não está fazendo”. 

Haddad também propõe uma revisão nos contratos de pedágios, cujos valores são considerados altos pela população. Da região Noroeste, por exemplo, à capital, uma viagem de ida e volta não sai por menos de R$ 200. De acordo com o candidato, o maior erro do governo Doria, seguido pelo atual gestor Rodrigo Garcia (PSDB), foi acabar com a prática de relicitar os contratos a partir da oferta mais baixa de valor para o pedágio. 

“Nós tivemos duas ou três licitações que fizeram o preço do pedágio cair 25%. Agora, qual é a prática do governo atual Dória, do Rodrigo? Renovar o contrato sem licitação”, contesta. Ao final da entrevista, Haddad voltou a defender sua candidatura contra a de Tarcísio, apoiado pelo atual presidente Jair Bolsonaro  (PL), advertindo que a eleição do republicano trará “problemas que não são nossos para cá”. O ex-prefeito lembrou que o chefe do Executivo “patrocina uma guerra religiosa no nosso país entre evangélicos e católicos, entre cristãos e não cristãos”. 

Tarcísio foge de debates

De acordo com ele, São Paulo corre risco de embarcar nesse conflito, como ocorreu em Aparecida, no feriado do Dia de Nossa Senhora Aparecida. “Vinte bolsonaristas embriagados, ofendendo o bispo de Aparecida. Nós temos que acabar com isso. Separar a política de religião, pelo amor de Deus. Não vamos trazer problemas que não são nossos pra cá. Minha família veio pra cá em busca de paz e eu tenho certeza que os seus valores estão são os mesmos que os meus. Buscar harmonia e paz no nosso estado”, finalizou Haddad. 

A previsão é que Tarcísio de Freitas também seja sabatinado no programa. Mas, até esta quinta, o candidato ainda não havia confirmado sua presença. O ex-ministro de Infraestrutura de Bolsonaro também desistiu de participar do debate contra Haddad que seria promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo e a Rádio Eldorado, com o “pool” formado por SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil. O evento estava marcado para esta sexta-feira (14). 

O candidato de Bolsonaro também voltou atrás na participação que faria no programa Roda Viva, da TV Cultura, na próxima segunda (17). Tarcísio dividiria a edição com seu adversário, Fernando Haddad que confirmou sua participação. As desistências estariam relacionados ao desempenho dele no debate na TV Bandeirantes, na terça (11), superado pelo petista. 


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