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No Flow, Haddad defende PM com câmeras: ‘Quanto mais transparência, melhor’

Candidato ao governo de São Paulo defendeu integração entre as polícias para combater o crime organizado e disse que privatizar a Sabesp vai aumentar a conta de água

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"Qual é a do Tarcísio? Está chegando agora em São Paulo e já quer passar nos cobres (vender) as empresas, tirar as câmeras", questionou Haddad

São Paulo – Em entrevista ao podcast Flow na noite desta quarta-feira (26), o candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) abordou especialmente dois dos temas fundamentais para os paulistas: a segurança pública e os rumos da Sabesp. Nesse sentido, Haddad o ex-ministro voltou a defender a manutenção do programa estadual que determina o uso de câmeras nos uniformes pelos soldados da Polícia Militar. Ele classificou como “ridículo” o argumento utilizado pelos apoiadores de seu opositor, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), de que o dispositivo de filmagem inibiria a ação do policial. Em contraponto, Haddad destacou que as mortes de policiais em conflito caíram 80% após a implementação das câmeras pel estado.

“Quanto mais transparência na segurança pública melhor. É um equívoco esse negócio do Tarcísio de querer tirar as câmeras. (Depois da repercussão negativa) de novo ele foi para a televisão, ‘Não é bem assim, talvez não tire’. Qual é a dele? O cara está chegando agora em São Paulo e já quer passar nos cobres (vender) as empresas, tirar as câmeras. Não é assim que se chega num lugar”.

Além disso, ao contrário da proposta do seu adversário, que promete criar uma secretaria para a Polícia Militar e outra para a Polícia Civil, Haddad defendeu a integração entre as forças como forma de combater o crime organizado. “Quando o Tarcísio fala ‘vou separar’, a resposta que eu digo é: ‘Está tudo errado'”. O candidato explicou ao apresentador Igor 3K que o policiamento ostensivo, que é o executado pela PM, é insuficiente e que o que falta para a efetividade do combate ao crime, é “completar o ciclo da investigação”, que é atribuição da Polícia Civil. Desta forma, prosseguiu, desmontam-se as quadrilhas que fazem a receptação de artigos roubados, como carros e celulares. “Sem um sistema de segurança integrado, vamos ficar enxugando gelo”, disse o ex-prefeito.

Sabesp

Do mesmo modo, Haddad criticou Tarcísio por alternar sua postura em relação à Sabesp, a estatal paulista de saneamento. O candidato indicado por Jair Bolsonaro, ora diz que vai privatizar, ora nega. “Vem o Tarcísio e fala ‘vou vender a Sabesp’. Eu falo: em todo lugar (do mundo) que vendeu a companhia de água, aumentou a conta. A começar pelo Rio de Janeiro, que é o estado dele, que aumentou em 71% a conta de água por causa da privatização. Lá para a ‘Faria Lima’, ele enche o peito e fala para os banqueiros: ‘eu vou vender’. Aí, quando vê o susto nas pesquisas, ‘corre no Flow’ e fala o contrário. Não funciona assim”.

Saúde e educação

Na entrevista, Haddad reafirmou seu plano de levar 70 hospitais-dia para o interior de São Paulo. Durante sua gestão como prefeito da capital, ele construiu 36 unidades desse tipo. O diferencial, segundo o candidato, é que o equipamento é preparado para fazer cirurgias de baixa e média complexidade, que não necessitam de internação. “É uma estrutura que fica a meio caminho. Não é nem uma UBS, nem um hospital geral”, explicou. Ele explicou a Igor 3K que os hospitais-dia reduzem a demanda dos hospitais gerais, o que vai reduzir a fila de espera por procedimentos cirúrgicos no estado, tanto os de maior complexidade, quanto os de menor complexidade.

Para a Educação, o ex-ministro quer fortalecer o ensino técnico em São Paulo para que, num prazo de até 10 anos, todo estudante de ensino médio encerre o ciclo tendo aprendido uma profissão. Assim, ele destacou as Etecs e Fatecs, como “patrimônios” do povo paulista.

Economia

Para garantir oportunidades a toda a população paulista, no entanto, Haddad afirmou que a economia precisa crescer. “Com a economia rodando a 1%, não absorve as pessoas que estão se formando. A gente não pode crescer um 1% ao ano. É pouco”. Nesse sentido, ele defendeu o aumento do salário mínimo paulista para R$ 1.580 e a isenção de impostos nos produtos da cesta básica.

O candidato criticou o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, por manterem o salário mínimo sem aumento real durante todo o atual mandato presidencial. Disse que Bolsonaro “não sabe fazer conta” e que Guedes “não tem a menor ideia de como vive uma família com dois salários”. E ressaltou que a inflação dos alimentos, do aluguel, e dos serviços básicos – gás, água e luz – subiu mais que o índice de preços que reajusta o mínimo.

Haddad defendeu também um sistema tributário mais justo, reduzindo impostos sobre o consumo e aumentando a taxação sobre renda e patrimônio. Ele citou, como exemplo, o IPTU progressivo que implementou em São Paulo. “Quando eu era prefeito, aumentei o IPTU das casas caras e diminui o IPTU das casas baratas. Então não tem uma alíquota única, de 1%, para todo mundo. O pobre paga 0,5%, e o rico paga 1,5%, a média dá 1%”, deu como exemplo.

Sobre a disputa do segundo turno, o candidato lembrou ao apresentador que está “colado” em Tarcísio de Freitas . Pesquisa Ipec (ex-Ibope) de ontem mostra que ambos estão tecnicamente empatados. “Ele já está me vendo no retrovisor”, disse Haddad.

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