Lula com comunicadores

Simone Tebet defende reação rápida e com conteúdo às ‘fake news’ que provocam medo em eleitores indecisos

Lula reitera que mentiras no WhatsApp e redes são armas bolsonaristas e que reação a “fake news” deve apontar também propostas e verdades

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA
Lupi, Tebet, Manuela, Boulos, Janones e Randolfe na live da aliança democrática nesta terça-feira

São Paulo – A senadora Simone Tebet, candidata do MDB à Presidência da República no primeiro turno, ocupa hoje posição de destaque na reta final para o segundo turno. Depois de declarar apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é vista com frequência diária em atividades de campanha. Ela foi uma das participantes de um encontro virtual de Comunicadores com Lula realizado na manhã desta terça-feira (18) pela coligação Brasil da Esperança. Tebet manifestou preocupação com a agilidade da reação ao grande volume de fake news que causam medo em pessoas que ainda possam estar indecisas. Segundo a pesquisa Ipec divulgada ontem, seriam 7% os que afirmam ainda não ter definido o voto. Ou seja, um percentual que representa cerca de 11 milhões de eleitores.

A senadora defendeu a reação a essas fake news, mas alertou que é preciso também “mostrar o governo desumano e desonesto de Bolsonaro”. Ela citou a questão da pandemia, com dados apurados na CPI de 2021, como uma nota fiscal de US$ 45 milhões que iriam a um paraíso fiscal para comprar a vacina Covaxin. Disse que tudo está comprovado por documentos oficiais da comissão do Senado. Além disso, falou da farsa do Auxílio Brasil de R$ 600 (o orçamento de 2023 não prevê esses valor) e da queda ilusória do preço da gasolina, que já voltou a subir.

Sem margem de erro

A senadora destacou que, em suas passagens por São Paulo e Rio nos últimos dias, ficou surpresa com a quantidade de pessoas indecisas. Elas seriam influenciadas justamente por essa avalanche de fake news que causa medo, “apesar de as pesquisas não dizerem isso”. “Quando eu sugeri o branco da paz, a união de todas as cores, foi no sentido de dialogar com 8,5 milhões de pessoas (que votaram nela e em Ciro Gomes), fundamentais pra ganhar. Essa é uma eleição que não tem margem pra erro.”

O encontro desta terça, coordenado pelo prefeito de Araraquara, Edinho Silva, reuniu também apoiadores com forte atuação nas redes sociais, como o deputado André Janones (Avante-MG), a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e o deputado eleito Guilherme Boulos (Psol-SP). Gleisi Hoffmann (PT-RS) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já integrantes da coordenação da campanha, participaram do evento, assim como o presidente do PDT, Carlos Lupi. A live foi acompanhada em tempo real por mais de 20 mil pessoas e estava com 40 mil acessos às 14h.

Mostrar Bolsonaro “desumano e desonesto

Lula concordou com Simone Tebet. “Estamos enfrentando um cidadão que faz da mentira sua forma de fazer política. Ele diz textualmente que é necessário mentir, senão não ganha eleições. Se diz isso, não vai governar de verdade”, observou Lula. “A Simone disse uma coisa sagrada: a gente não pode ficar apenas tentando rebater as mentiras deles. Porque a gente precisa passar as mensagens positivas, das coisas que existem e vão existir. É preciso rebater as mentiras, e levar em cada resposta crítica uma proposta.”

reação fake news
“A gente não pode ficar apenas na reação às fake news, porque precisa passar as mensagens positivas”, diz petista

Como tem dito em comícios, Lula pediu para a militância “ter a noção que o (WhatsApp) é a grande arma que (o bolsonarismo) utiliza pra passar as mentiras”. É preciso mostrar ao eleitorado que o governo Lula, por exemplo, regulamentou por lei a liberdade religiosa no país. “Nossa relação com a igreja e nossa relação religiosa  é a mais democrática possível.”

O ex-presidente pediu à coordenação de Comunicação para orientar as pessoas com propostas para compor a reação às fake news. “Ou seja, não é só ficar respondendo as coisas dele, (porque) não podemos entrar no ninho em que eles estão metidos.” Lula disse ainda que é preciso “dizer a verdade pra politizar a sociedade brasileira”, e que isso exige empenho antes e depois das eleições “pra desmontar essa máquina de mentiras criada no Brasil a partir de 2018, muitas vezes dirigida por robôs”.

Todos os participantes defenderam que, até o dia 30, é preciso estar nas ruas e nas redes para “organizar as forças democráticas, enfrentar o negacionismo, a barbárie e o fascismo”, afirmou Lula. “Bolsonaro não está sozinho, porque ele faz parte de uma corrente de extrema direita que age no mundo todo.”

Trabalho coordenado nas redes

André Janones defendeu que os aliados trabalhem de forma coordenada, que é a forma como o bolsonarismo constrói sua rede nas plataformas de internet e redes sociais. Janones falou de “uma comunicação centralizada” e união de pautas, e não “cada um falar da pauta que bem entender” em suas redes sociais. Ele observou que o bolsonarismo usa “robôs humanos”, uma rede muito bem paga por empresários para realizar esse tipo de ação coordenada.

Segundo ele, o bolsonarismo trabalha com “mudanças repentinas” e fake news plantadas a todo momento para desviar de assuntos que não quer debater. A ideia é que a frente democrática não se deixe pautar pelos “robôs e humanos do bolsonarismo”.

Janones também convocou os apoiadores de Lula a divulgarem em suas redes e WhatsApp o Flow Podcast com Lula, que será transmitido ao vivo pelo canal do YouTube, a partir das 19h. “Será um evento mais importante do que o último debate”, acredita.

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o time reunido virtualmente hoje “é a infantaria da guerra que vai ser travada contra um adversário atroz, difícil e criminoso”. O senador contou ter ido ao TSE contra “essa estrutura criminosa poderosíssima”. “Mas nada é mais efetivo do que a atuação de todos da militância. A atuação nesses próximo 12 dias vale a manutenção do regime democrático”, afirma. “Irão destruir o Brasil se não forem impedidos”, reforça Edinho Silva.

Lupi: “Máfia com muito dinheiro de fora”

Lupi destacou que a estrutura de Bolsonaro conta com recursos vindos de fora do país. “Estamos enfrentando uma máfia com muito dinheiro de fora”, disse, lembrando que ainda existe um inquérito sobre a fábrica de fake news que está em andamento no STF. “Um dia isso vai estourar.”

Manuela D’Ávila chamou a estrutura de fake news de “esquema de bandidagem”. Por isso, destacou a importância da rapidez para as respostas.

Nesse sentido, Guilherme Boulos citou “o episódio inaceitável” promovido por Bolsonaro e seus seguidores em Aparecida em 12 de o outubro, dia da padroeira do país, quando bolsonaristas “foram para fazer enfrentamento e algazarra dentro da Basílica”.

Boulos defendeu que a coligação e aliados precisa falar do “Brasil real, falar pra dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras que convivem com a fome, o desemprego, a falta de investimento em educação e falta de oportunidades”.

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