Frente a frente

Senado pode sabatinar Cristiano Zanin, indicado de Lula para o STF, nesta semana

Um dos entrevistadores de Zanin será o senador Sergio Moro, que deve passar por constrangimento. Zanin foi o autor do habeas corpus que derrubou as decisões de Moro contra Lula na Lava Jato

arquivos ABr
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Zanin e Moro: Lava Jato mostra como Moro foi um juiz parcial nas decisões contra Lula

São Paulo – A indicação pelo presidente Lula do advogado Cristiano Zanin para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) começará a tramitar no Senado Federal nesta semana, com início das discussões na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Zanin deverá ocupar a vaga aberta pela aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, caso tenha o nome aprovado. Na semana passada, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que existe a possibilidade de a CCJ sabatinar Zanin ainda esta semana.

A indicação precisa ser aprovada pela comissão para ir ao plenário do Senado, mas Pacheco disse que a tramitação só deve prosseguir depois do feriado de Corpus Christi, na quinta-feira (8).

Na sexta-feira (2), o ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo federal, Paulo Pimenta, ironizou a posição de Sergio Moro (União-PR) sobre a indicação de Cristiano Zanin para o Supremo Tribunal Federal. O ex-juiz será um dos sabatinadores do advogado na CCJ.

“Acho que deve ser constrangedor para o Moro ter que sabatinar o Cristiano Zanin porque, na realidade, o Moro é uma pessoa que construiu uma trajetória se afirmando como alguém da não política, dizendo muitas vezes que não iria para a política”, disse Pimenta ao Estadão.

A avaliação do ministro ocorreu após críticas de Moro pela escolha de Lula em indicar o advogado dos casos da Operação Lava Jato. O incomodo de Moro se dá, entre outros motivos, porque partiu de Zanin o habeas corpus que derrubou as decisões de Moro e fez com que o ex-juiz fosse considerado parcial e incompetente no julgamento.

Em outra frente de irritação do ex-juiz está o próprio cargo de ministro do STF. Desde que deixou o cargo de juiz da Lava Jato para ocupar o posto de Ministro da Justiça de Bolsonaro, contrariando suas próprias promessas, havia a expectativa de que Moro fosse levado ao posto de ministro do Supremo pelo ex-capitão.

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A possibilidade foi confirmada pelo próprio ex-presidente, que alegou que o seu antigo aliado tentou usar a indicação do cargo como moeda de troca durante sua passagem pelo governo. Após o rompimento entre os dois, Bolsonaro indicou Kassio Nunes Marques e André Mendonça, este substituto de Moro na Justiça.

O ex-juiz atualmente ocupa uma cadeira no Senado e é membro da CCJ, que irá sabatinar Zanin no Senado. A expectativa é que o indicado de Lula seja ouvido ainda antes do recesso no Congresso Nacional. No colegiado estão outros opositores de Lula, como Marcos do Val e Flávio Bolsonaro.


Com informações da Agência Brasil e CartaCapital