Democracia

Funcionárias do TSE pausam trabalho para ouvir discurso de Lula ao ser diplomado

Defensores da democracia e apoiadores do presidente eleito foram a Brasília neste dia em que Lula e Alckmin foram diplomados. Já os atos golpistas ficaram esvaziados

Twitter/Choquei
Twitter/Choquei
A cena das funcionárias do restaurante e da limpeza ouvindo Lula tomou as redes sociais

São Paulo – Trabalhadoras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deram pausa no trabalho na tarde de hoje (12) para ouvir Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente eleito discursou durante sua diplomação e de Geraldo Alckmin (PSB) como presidente e vice-presidente do Brasil. A cena das funcionárias do restaurante e da limpeza ouvindo Lula tomou as redes sociais. Enquanto isso, movimentos sociais, sindicais e populares realizavam ato do lado de fora, em frente à sede do TSE.

Os apoiadores de Lula marcharam a Brasília em defesa e apoio à democracia. Além do ato na capital federal, progressistas realizaram manifestações em outras cidades, como Porto Alegre. Em compensação, bolsonaristas viram atos golpistas definharem ao longo do dia.

Ao longo do dia, apoiadores da democracia e de Lula estiveram presentes em diferentes pontos de Brasília. Já os bolsonaristas, em número reduzido, ficaram restritos ao gramado da Esplanada dos Ministérios. O fracasso dos que desprezam a democracia vai de encontro às narrativas que circulavam em grupos bolsonaristas de que alguma ação impediria a diplomação.

Golpismo enfraquecido

Em certo momento, para tentar evitar as imagens da visível ausência de corpo no ato golpista, os organizadores pediram para que todos estendessem suas bandeiras. Não foi suficiente. A avaliação, mesmo de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), é que a diplomação deve arrefecer, ainda mais, os golpistas.

“O ato fortalece o Lula politicamente e enfraquece o golpismo. É um ato formal, não deveria ser um grande fato político. Mas na situação atual, uma formalidade normal, devido ao golpismo, se reveste de grande valor simbólico”, destacou o jornalista político Kennedy Alencar, do Uol.

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, diplomou Lula em cerimônia às 15h. O ato foi tranquilo e burocrático. Lula fez uma defesa firme dos valores democráticos e disse que a Justiça responsabilizará “integralmente” os criminosos que atentam contra a vontade do povo. Ele destacou que a democracia nunca esteve tão ameaçada desde a redemocratização, em 1985.

Nas redes sociais, internautas atentos à diplomação reforçaram a excepcionalidade do ato. “Quem diria que um ato burocrático, formal e protocolar como a diplomação de um presidente democraticamente eleito precisaria ser tão celebrado assim. Parabéns ao Lula”, destacou o jurista Lucas Paulino. “Rituais constitucionais que já faziam parte da rotina precisando ser exaltados novamente. Que fase”, completou.

Repercussão

O deputado federal Enio Verri (PT-PR) lembrou que a diplomação é “o ato final do processo eleitoral”. Agora, Lula segue acompanhando os trabalhos do governo de transição até o dia 1º de janeiro. Na data, o petista receberá a faixa presidencial durante um ato político e cultural que reunirá artistas de todo o Brasil e cerca de 300 mil pessoas, de acordo com as expectativas. Além da posse, Brasilía receberá o “Festival do Futuro”, com a proposta de marcar a retomada da democracia no país, além das políticas públicas educacionais, culturais e assistenciais.

O também deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), integrande do grupo de trabalho de Justiça e Segurança Pública do governo de transição, comentou a diplomação. “Um dia histórico. Temos um presidente devidamente diplomado que tomará posse. Presidente que teve maioria dos votos contra tudo e todos. A máquina estatal trabalhou muito contra isso. Houve assédio de empregadores, uma fortuna, fake news, Polícia Rodoviária Federal tentando impedir a votação. Então, Lula ganha a terceira eleição e anuncia a esperança”, disse em entrevista à GloboNews.

Disse o presidente

Então, o presidente diplomado Lula também comentou os atos de hoje. Na noite de ontem, ele divulgou um vídeo de sua primeira diplomação, em 2002. Na ocasião, emocionado, dizia que foi “acusado de não ter diploma de ensino superior, recebia seu primeiro diploma como presidente”. Em outro tempo e outro Brasil, Lula disse que sente nova emoção.

“Eu me emocionei muito na minha primeira diplomação como presidente em 2002. Amanhã viveremos juntos essa emoção mais uma vez. Então, o diploma que recebo hoje não é um diploma do Lula presidente. É um diploma do povo brasileiro que reconquistou o direito de viver na democracia nesse país.”


Leia também


Últimas notícias