Pessoas de bem?

Chacina em Mato Grosso é resultado de política armamentista de Bolsonaro, diz Dino

Dois homens assassinaram sete pessoas – incluindo uma menina de 12 anos – após perderem aposta na sinuca num bar em Mato Grosso

Reprodução
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Um dos criminosos é CAC e ostentava armas nas redes sociais. O outro tem passagem na polícia por porte ilegal de arma

São Paulo – A chacina que causou sete mortes num bar em Sinop (MT) é mais um resultado da “irresponsável política armamentista” do ex-presidente Jair Bolsonaro, avalia o ministro da Justiça, Flávio Dino. Dois homens atiraram nas vítimas – entre elas uma adolescente de 12 anos – por não aceitar perder aposta de R$ 4 mim em jogo de bilhar. Eles voltaram com duas armas e executaram a maioria dos que estavam no bar. Apenas uma mulher se salvou.

“Mais 7 homicídios brutais. Mais um resultado trágico da irresponsável política armamentista que levou à proliferação de ‘clubes de tiro’, supostamente destinados a ‘pessoas de bem’ (como alega a extrema-direita)”, comentou Dino nas redes sociais.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, também responsabilizou Bolsonaro. “Na chacina em Sinop temos dois assassinos e um ‘mentor intelectual’ que passou 4 anos armando de forma criminosa a população e fomentando a cultura do ódio e da banalização da vida”, publicou

Um dos suspeitos, Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, tem registro de colecionador, atirador e caçador (CAC) e era afiliado a pelo menos dois clubes de tiro do norte de Mato Grosso. Ele cometeu a chacina junto com um amigo, Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos.

Ambos tiveram pedido de prisão temporária decretado e fugiram. Ezequias, porém, foi localizado e morto pela Polícia Militar, nesta quarta (22). Segundo a PM, depois de ser encontrado em uma área de mata, a 15 quilômetros da zona urbana da cidade, ele entrou em “confronto” e acabou baleado. Morreu depois de ser levado ao Hospital Regional de Sinop.

Edgar segue foragido, mas seu advogado, segundo o g1, informou que ele irá se apresentar à polícia nesta quinta-feira (23).

Motivo fútil

De acordo com a Polícia Civil, Edgar postava vídeos nas redes sociais praticando disparos. Ele responde um processo na Justiça por uma acusação de violência doméstica, quando teria agredido a companheira com quem vivia. Ezequias também tem passagem pela polícia por porte de arma ilegal, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal e ameaça.

Conforme dados do Exército, 1.483 clubes de tiro passaram a funcionar durante o governo Bolsonaro. Só em 2022, os militares concederam 475 autorizações para este tipo de estabelecimento, crescimento de 287% em comparação com o último ano do Temer. Em 2018, a Força Armada concedeu 165 de licenças para clubes de tiro. Também cabe ao Exército fiscalizar o registro de CAC e autorizar a compra de armas e munições.

A chacina foi registrada pelas câmeras de segurança do bar. As imagens mostram Ezequias, armado com uma pistola, rendendo as pessoas, acuando-as junto à parede. Ao mesmo tempo, Edgar foi até uma caminhonete estacionada em frente ao estabelecimento, pegou uma espingarda calibre 12 e voltou disparando.

Os criminosos teriam ficado nervosos ao serem ironizados pelos frequentadores do bar, após perderem a aposta. De acordo com o delegado Braulio Junqueira, o primeiro a disparar foi Ezequias, que deu um tiro no dono do bar, e depois um tiro pelas costas no homem de quem perdeu no bilhar – que caiu e levou outros dois tiros na cabeça. Enquanto isso, Edgar disparava a espingarda contra o restante das vítimas. Nesta manhã, os policiais apreenderam a caminhonete e a espingarda usadas durante o crime.