Tensão em Moscou

Grupo Wagner aceita acordo na Rússia, recua e retorna às bases, diz chefe dos mercenários

Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, aliado de Vladimir Putin, intermediou conversações entre o chefe dos rebeldes e o Kremlin

Serge Pivovarov/Sputnik
Serge Pivovarov/Sputnik
Oito corpos foram recuperados dos destroços, porém, nenhum deles havia sido identificado

São Paulo – Segundo comunicado que partiu do presidente da Bielorrússia, Alexandr Lukashenko, os mercenários do grupo Wagner, que marchavam para Moscou, aceitaram um acordo. O chefe do grupo “rebelde”, Yevgeny Prigozhin, ex-aliado do presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma mensagem de áudio por Telegram anunciando o recuo. Ele disse que seus soldados retornariam à base para evitar derramamento de sangue.

“Nesta manhã, Vladimir Putin, presidente da Rússia, informou seu colega bielorusso sobre a situação no sul da Rússia com a empresa militar privada Wagner. Os chefes de Estado concordaram sobre ações conjuntas”, informou o serviço de imprensa da Bielorrússia.

Lukashenko – alidado de Moscou – manteve conversas com Yevgeny Prigozhin, “em coordenação com o presidente da Rússia”, e as conversas “duraram um dia inteiro”, segundo o serviço de imprensa. As partes chegaram a um acordo sobre a “inadmissibilidade de desencadear um banho de sangue no território da Rússia”, disse a nota, segundo o portal Sputnik.

Yevgeny Prigozhin (Foto: reprodução)

O grupo estava a caminho de Moscou depois de capturar a cidade de Rostov-no-Don, no Sul da Rússia. Antes do anúncio do recuo do Wagner, a segurança de Moscou foi fortemente reforçada neste sábado (24). O governo russo havia posicionado tropas nas entradas da capital. Sob orientação do Kremlin, o prefeito de Moscou, Sergey Sobyanin, suspendeu as operações comerciais normais da cidade até segunda-feira.

Antes do recuo anunciado por Prigozhin, os mercenários tomaram o quartel-general e bases de Rostov-do-Don.

“Caminho da traição”

Mais cedo, Putin fez um pronunciamento de cerca de cinco minutos, prometendo neutralizar as forças mercenárias. “Todos aqueles que deliberadamente tomaram o caminho da traição, que prepararam uma insurreição armada, que tomaram o caminho da chantagem e dos métodos terroristas, sofrerão a punição inevitável”, disse o líder russo.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou comunicado que “qualquer tentativa das nações ocidentais para atingir seus objetivos russofóbicos será inútil”. “A tentativa de rebelião armada ocorrida em nosso país causa forte rejeição na sociedade russa, que apóia resolutamente o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin”, afirmou a nota, segundo o site russo RT.

“As aspirações aventureiras dos conspiradores, de fato, visam desestabilizar a situação na Rússia e destruir nossa unidade”, continuou. “Assim, a rebelião faz o jogo dos inimigos externos da Rússia.”