Devastação

Pela primeira vez, documento da ONU responsabiliza Israel por genocídio

Investida em Gaza faz parte de um processo histórico de genocídio, colonização e extermínio do povo palestino, argumenta relatora especial

UNRWA/Twitter
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Relatora afirma no texto que dimensão do ataque de Israel revela 'intenção de destruir fisicamente os palestinos, enquanto grupo'

São Paulo – Documento divulgado nesta segunda-feira (25), da relatora especial das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, trouxe à tona acusações contra Israel. O texto afirma que existem “motivos razoáveis” para sustentar que o país promove genocídio na Faixa de Gaza. É a primeira vez que um documento vinculado à ONU aponta diretamente Israel como responsável por um genocídio.

A ação israelense já matou mais de 32 mil palestinos em Gaza. Com ampla maioria civil, sendo mais de 60% crianças e mulheres. Ainda hoje, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, pela primeira vez, um pedido oficial de cessar-fogo na região. Contudo, Israel nega a paz.

“A natureza esmagadora e a escala do ataque de Israel a Gaza e as condições de vida destrutivas que Israel infligiu revelam uma intenção de destruir fisicamente os palestinos, enquanto grupo”, afirma o texto elaborado por Francesca Albanese, que tem mandato independente. Ela é oficial da ONU designada de forma especial pelo Conselho de Direitos Humanos da entidade.

Palavra dos algozes

O governo Benjamin Netanyahu reagiu às acusações. Israel chamou relatório de “inversão obscena da realidade”. Tel Aviv afirmou que respeita o direito humanitário internacional. Além do relatório da ONU, o governo israelense enfrenta uma acusação de genocídio na Corte Internacional de Justiça (CIJ), resultado de denúncia apresentada pela África do Sul e apoiada por vários países, incluindo o Brasil.

Sanções urgentes

Francesca Albanese também fez apelo aos países para que promovam embargo de armas contra Israel, juntamente com outras medidas econômicas e políticas para garantir um cessar-fogo imediato e duradouro, incluindo sanções contra o governo de Tel Aviv. “Durante mais de sete décadas, este processo sufocou o povo palestino como grupo – demograficamente, culturalmente, econômica e politicamente –, procurando deslocá-lo, expropriar e controlar as suas terras e recursos.”

Faces do genocídio

O bloqueio à ajuda humanitária na região também entrou como outro elemento pelo relatório para caracterizar o genocídio. Assim, a relatora destacou que o bloqueio reforçado de Israel em Gaza tem causado mortes por fome, incluindo crianças, ao impedir o acesso a suprimentos vitais. “O bloqueio forçado de Israel a Gaza causou a morte por fome, incluindo 10 crianças por dia, ao impedir o acesso a abastecimentos.”

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