Referendo

México: permanência de López Obrador na Presidência é apoiada por 92%

Apesar de alta abstenção, presidente chamou votação de “exercício democrático histórico”

UN Women/Paola Garcia
UN Women/Paola Garcia
Em seu perfil no Twitter, López Obrador disse que a votação se tratava de um “exercício democrático histórico” e que a democracia era uma “forma de vida” e um "hábito para que ninguém se sinta absoluto”

São Paulo – O presidente Andrés Manuel López Obrador continuará presidente do México até 2024. Com 91,9% dos votos, mexicanos rejeitaram a revogação do mandato dele, em referendo popular realizado neste domingo (10). Apenas 6,5% foram favoráveis à saída do atual mandatário.

A consulta pública foi convocada pelo próprio López Obrador para mostrar apoio popular e validar o mandato do presidente do México, que termina em 2024. Porém, independentemente do resultado, não atingiu o quórum suficiente para que fosse validada.

Conforme noticiado pelo Instituto Nacional Eleitoral do México (INE), a consulta eleitoral para saber se o presidente continua a liderar o país ou teria o mandato interrompido alcançou cerca de 17% de participação popular, ou seja, 83% não compareceram às urnas. Era necessário 40% de adesões para que o resultado fosse vinculativo.

Em seu perfil no Twitter, López Obrador disse que a votação se tratava de um “exercício democrático histórico” e que a democracia era uma “forma de vida” e um “hábito para que ninguém se sinta absoluto”. “É algo inédito e é um avanço no propósito de afirmar nossa democracia e não ficar apenas com a democracia representativa, caminhando para a democracia participativa, porque essa é a essência dela”, destacou o presidente.

Referendo no México

O referendo foi introduzido na Constituição mexicana em setembro de 2021. A mudança trouxe a possibilidade de uma votação da população sobre o presidente no meio de seu mandato de seis anos. O processo eleitoral foi autorizado pelo INE, depois que os apoiadores de Obrador conseguiram cerca de 2,8 milhões de assinaturas. Para ser validada, contudo, a revogação exigia a participação de pelo menos 40% dos eleitores registrados, ou cerca de 37 milhões de pessoas no universo de 93 milhões de mexicanos aptos a votar. 

Entretanto, a baixa adesão é responsabilidade da oposição de López Obrador. Segundo ele, outros líderes políticos desencorajaram ativamente os apoiadores de votar, classificando o plebiscito como um exercício de propaganda e uma distração de problemas reais. Em 2018, o presidente mexicano foi eleito com 30 milhões de votos, mas no último domingo, o INE instalou menos de um terço das urnas eleitorais.

“É muito conservador dizer que quero democracia quando me convém, quando vou tirar vantagem, quando vou manter ou aumentar meus privilégios. Isso não é democracia, é exatamente o contrário. Democracia é o poder do povo, é comandar obedecendo e sobretudo comandar servindo ao povo. Ele é nosso senhor, que põe e tira”, disse Obrador.

O chefe de Estado mexicano afirmou que, caso perdesse o plebiscito mesmo sem atingir o quórum necessário, deixaria o cargo. “Se você perder em uma consulta, você tem que deixar o cargo porque você não pode governar sem o apoio do povo. Você não pode governar sem autoridade moral porque sem isso você não tem autoridade política” concluiu ele.

Com informações do Página|12