Sem palavra

Ucrânia recua em pré-acordo e negociações voltam a impasse, diz Vladimir Putin

Líder russo afirmou que Moscou foi obrigada a usar a força militar porque o Ocidente, liderado pelos EUA, queriam “transformar a Ucrânia em trampolim contra a Rússia”

Sputnik / Yevgeny Biatov
Sputnik / Yevgeny Biatov
Presidente russo deu declarações ao lado de colega bielorrusso Alexander Lukashenko (à esquerda)

São Paulo – Kiev se recusa a reconhecer a Crimeia como território da Rússia, assim como a independência das repúblicas de Donbass, Donetsk e Luhansk. Em outras palavras, voltou atrás no que havia negociado no final de março com os russos em Istambul. Desse modo, as conversas coma Ucrânia “voltaram a um impasse”, declarou o presidente da Rússia, Vladimir Putin. A delegação ucraniana havia sinalizado que poderia se proclamar um Estado neutro, de conforme divulgou na ocasião o encarregado da negociação da Rússia, Vladimir Medinsky.

Na quinta-feira passada (7), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que a Ucrânia apresentou novas propostas, em desacordo com o que havia dito no diálogo na Turquia. Logo após o golpe que derrubou o presidente ucraniano pró-russo Viktor Yanukovych, em 2014, a população da Crimeia votou a favor de deixar a Ucrânia e se juntar à Rússia.

Putin destacou que os objetivos da “operação militar especial” na Ucrânia serão cumpridos. “Os objetivos são muito claros e nobres. O objetivo principal é ajudar as pessoas em Donbass”, disse. “Não há a menor dúvida de que assim será.”

O líder russo acrescentou que  Moscou foi obrigada a adotar a saída militar “porque as autoridades de Kiev, pressionadas pelo Ocidente, se recusaram a cumprir os Acordos de Minsk, que visam uma solução pacífica da problemas do Donbass”.

Putin deu as declarações ao lado de seu colega de Belarus Alexander Lukashenko em visita às obras do cosmódromo (base de lançamento de foguetes) Vostochny, na região de Amur, extremo Leste da Rússia.

Ucrânia como “trampolim”

Os países ocidentais liderados pelos Estados Unidos queriam “transformar a Ucrânia em um trampolim contra a Rússia”. Com esse objetivo, “começaram a produzir as sementes do nacionalismo e do neonazismo que estavam lá há muito tempo”, de acordo com Putin.

O líder do Kremlin negou que a economia de seu país esteja sofrendo graves danos provocados pelas sanções ocidentais e está “funcionando estável e eficientemente”. Ele reconheceu que, em prazo médio e longo prazos, “os riscos possam aumentar”.

No “teatro de operações”, nesta terça, as forças de Luhansk, pró-russas, afirmaram ter “eliminado” 25 militares ucranianos, quatro tanques e sete veículos especiais militares. A aviação da Rússia, por sua vez, disse que destruiu 32 alvos militares da Ucrânia em 24 horas, segundo o Sputnik Brasil.

China

Reverberando a fala do governo chinês, a agência de notícias oficial Xinhua afirma que os EUA estão “se aproveitando da crise na Ucrânia para lucrar”. Enquanto a crise se arrasta sem solução imediata à vista, os Estados Unidos, em grande parte responsáveis pelo conflito ao pressionarem Kiev junto da expansão da Otan para o Leste, estão dispostos a lucrar com isso, diz a agência.

Washington não tem poupado esforços para aumentar as tensões na região, enviando armas para a Ucrânia a uma velocidade vertiginosa e pressionando aliados europeus a impor sanções abrangentes contra a Rússia, diz ainda a Xinhua. Ontem, a China acusou os EUA de usarem sanções contra Rússia para manter “posição hegemônica’ e ter “ganhos ilegais”.

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