Reforma Agrária

Movimentos ocupam Incra em Maceió contra indicado de Lira

São cerca de 400 trabalhadores rurais que pedem a saída de Junior Nascimento, indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para comandar o Incra, em substituição ao seu próprio primo, que estava à frente do órgão nos últimos anos

Divulgação/MST
Divulgação/MST
Novo superintendente do Incra não tem "compromisso" com a reforma agrária, dizem movimentos

São Paulo – O MST e outros movimentos que lutam pelo acesso à terra ocuparam nesta segunda-feira (29) a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Maceió. São cerca de 400 trabalhadores rurais que protestam contra a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento para superintendência do órgão em Alagoas. Isso porque se trata, mais uma vez, de um nome indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

“Os oito movimentos que lutam pela terra e pela reforma agrária em Alagoas ocupam a sede do Incra para dizer ao governo federal e para o ministro Paulo Teixeira que o superintendente que foi nomeado não tem compromisso nenhum. Por isso estamos aqui para dizer que a reforma agrária precisa avançar”, disse Margarida Maria, da coordenação do MST no estado.

Após longa pressão dos camponeses, em 16 de abril, o governo demitiu Wilson César de Lira Santos, primo de Lira, que ocupava a superintendência do Incra desde o governo Temer. Nesse sentido, os movimentos o consideravam como um “bolsonarista raiz” e “inimigo da reforma agrária”.

Eles então apoiaram a indicação do engenheiro agrônomo José Ubiratan Rezende Santana, o Bira, funcionário de carreira do Incra. Lira então teria reagido, reivindicando a retomada do Incra em seu estado. Nos últimos dias, o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, chegou a admitir que recebeu de Lira a indicação de um novo nome. Disse também que eventual “crise” com o presidente da Câmara estaria “superada”. A exoneração de Bira ocorreu ainda na semana passada, assim como a nomeação de Junior Nascimento.

Compromisso

Com faixas, palavras de ordem, bandeiras e ferramentas, os movimentos destacam que não vão aceitar a nova indicação. Sinalizam, portanto, para a construção de uma ampla agenda de luta que paute a nomeação de um superintendente que esteja alinhado aos desafios e expectativas da pauta agrária no estado.

“Estamos ocupando contra essa indicação de Arthur Lira para a superintendência do Incra no estado. Queremos pessoas que tenham compromisso com os movimentos sociais, com os trabalhadores, acampamentos e assentamentos”, disse uma representante da Frente Nacional de Luta (FNL).

Além do MST e da FNL, também participam da ocupação trabalhadores rurais ligados a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento Terra Livre (MTL).