Guerra na Europa

Ucrânia ataca depósito de petróleo em território russo, acusa Moscou

Ao comentar fornecimento de armas à Ucrânia pelo Ocidente, diplomata russo diz que os países da OTAN “estão brincando com o fogo”

Reprodução/Redes Sociais
Reprodução/Redes Sociais
Dois helicópteros ucranianos a baixa altitude desferiram ataque, segundo a Rússia. Kiev não assume

São Paulo – O governo da Rússia denunciou que ataque com dois helicópteros das Forças Armadas da Ucrânia – em território russo a baixa altitude – atingiu nesta sexta-feira (1º) um depósito de petróleo na região de Belgorod. O fogo decorrente das explosões atingiu oito reservatórios de combustível, cada um capaz de armazenar um volume de 2 mil metros cúbicos. Há outros 16 reservatórios no local. Belgorod está a cerca de 30 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. E a 70 quilómetros de Kharkiv, que é objeto constante de ataques russos desde o início da ofensiva.

O governador da região, Vyacheslav Gladkov, afirmou nas redes sociais que dois funcionários do depósito ficaram feridos. A empresa estatal Rosneft, proprietária do local, disse às agências de notícias russas que todos os funcionários foram retirados.

Até o fechamento desta matéria, a Ucrânia não havia comentado o ataque, nem assumido ter sido de sua autoria. Se vier a se confirmar, terá sido a primeira incursão ucraniana em solo russo desde o início da guerra. “Um par de helicópteros militares, provavelmente Mi-28, foi filmado sobre a cidade realizando um ataque com mísseis no depósito”, relatou o site russo RT, aliado do Kremlin.

Moscou sugeriu que o ataque afetará as negociações de paz. “É claro que isso não cria condições confortáveis para a continuidade das negociações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Nova rodada de negociações entre os dois lados – desta vez por videoconferência – ocorreram nesta sexta.

“Brincando com fogo”

Em entrevista à Sputnik, Nikolai Kobrinets, diretor do Departamento de Cooperação Pan-europeia do Ministério da Relações Exteriores da Rússia, afirmou que os países da Otan “estão brincando com fogo”, ao fornecerem armas para a Ucrânia. Segundo o diplomata, o lado oriental da organização atlântica tem um total de 40 mil soldados em alerta máximo. Mas, de acordo com ele, mais alarmante do que esse contingente é o fornecimento de suprimentos militares.

Kobrinets declarou que as armas que a Europa está fornecendo a Kiev tendem a se espalhar incontrolavelmente por toda a Europa, caindo depois nas mãos de terroristas. Ele acrescentou que a Otan não pensa na paz, mas apenas tenta justificar a sua existência e a política de “contenção” da Rússia. “A Otan tem medo de um confronto direto com o nosso país – ainda não perderam o sentimento de autopreservação. Mas eles pretendem lutar ‘até o último ucraniano’. É uma política desumana e extremamente cínica”, disse.

O ataque da Ucrânia em meio a negociações

As negociações russo-ucranianas estão em andamento, enquanto não há planos e acordos finais. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em mensagem divulgada a partir do Telegram, afirmou que “as negociações russo-ucranianas estão em andamento, (e por) enquanto não há planos e acordos finais”.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) “adotar imediatamente medidas para encerrar” sua Missão Especial de Monitoramento (SMM) na Ucrânia. Segundo Moscou, a missão da organização faz uma “abordagem seletiva dos fatos”.

A porta-voz, Maria Zakharova, afirmou em comunicado que o mandato da missão expirou na quinta-feira (31). “Pedimos à Secretaria da OSCE para iniciar imediatamente medidas para encerrar o SMM, vender sua propriedade, rescindir contratos de trabalho com seu pessoal e liquidar obrigações contratuais com prestadores de serviços e proprietários”, escreveu a porta-voz.

A partir desta sexta, começa a vigorar o decreto de Vladimir Putin exigindo o pagamento do gás fornecido à Europa em rublo. Ele ameaça cortar os suprimentos. A Alemanha classifica a medida como “chantagem”.