Influência internacional

Lula é muito importante ‘na América Latina e no Mundo’, diz presidente do México

À imprensa mexicana, Lula disse que Bolsonaro destruiu o Brasil, mas acredita que um povo elegerá um democrata em 2022

Facebook/AMLO
Facebook/AMLO
"Nos une a irmandade entre os povos e a luta por justiça e igualdade", disse Amlo sobre encontro com Lula. Ao fundo, mural do pintor mexicano Diego Rivera "conta" história mexicana

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou nesta quarta-feira (2) com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. Eles se reuniram para um café da manhã na capital mexicana. Lula iria ao país ainda em janeiro, mas a viagem foi adiada por causa do avanço da variante ômicron do coronavírus. A visita ao segundo maior país latino-americano marca a retomada da agenda internacional do líder petista, que lidera a corrida eleitoral deste ano. De acordo com o governo mexicano, trata-se de um encontro entre políticos e líderes sociais amigos. “Que lutam a favor do povo, para conquistar mudanças positivas na América Latina e no mundo.”

Lula e López Obrador conversaram sobre a situação mundial, incluindo o conflito na Europa. Nesse sentido, ressaltaram a importância de um diálogo para a construção da paz. E também destacaram a participação da América Latina na construção de um mundo multipolar e equilibrado.

Ao longo da manhã, eles falaram também sobre o potencial de ampliação e aprofundamento das relações entre os dois países. Além disso, trocarem impressões sobre programas sociais de combate à pobreza e seus impactos positivos na economia.

Simbolismo

Na véspera do encontro, AMLO, como o presidente mexicano é conhecido, disse que recebe Lula “com respeito, com admiração”. Ele também destacou que o brasileiro foi “vítima de um ato autoritário, repressivo”. Em entrevista coletiva, o líder mexicano afirmou que mantém boa relação com o governo de Jair Bolsonaro. Mas ressaltou a importância do petista no cenário internacional.

“Ao mesmo tempo recebo Lula, que é um líder reconhecido, muito importante no Brasil e na América Latina e, diria, no mundo”, disse o presidente do México. “E irei recebê-lo com respeito, com admiração, porque ele foi vítima de um ato autoritário, repressivo. Fabricaram delitos contra ele e o mantiveram injustamente na cadeia.”

Para o mexicano, a simpatia por Lula é “sobretudo, pelo que ele representa”. “Que não se persigam dirigentes sociais, dirigentes políticos que lutam a favor do povo, e que têm que enfrentar, às vezes, grupos conservadores, oligarquias. Então, Lula é bem-vindo”, afirmou o presidente mexicano. Eleito em 2018 para um mandato de seis anos, AMLO foi o primeiro presidente do campo progressista a vencer desde Lázaro Cárdenas (1934-1940).

Lula: “Rechaço a Bolsonaro é imenso”

Em entrevista ao jornal mexicano La Jornada, Lula afirmou que Brasil está sendo “destruído” e que as pessoas estão “empobrecendo”. Citou que o seu país voltou ao mapa da fome, com 105 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar. “Temos um governo que realmente não governa, que se centra em mentiras e não respeita absolutamente nada”, disse Lula.

Para Lula, Bolsonaro é resultado da “antipolítica” praticada pelas elites brasileiras, que nunca aceitaram governos “independentes” que governam para os mais pobres. “O resultado é Bolsonaro, que em três anos de governo tem um impacto tão violento no aumento das mortes, que a esperança de vida dos brasileiros se reduziu quatro anos”. Também destacou que o Brasil é o segundo país no total de vítimas da covid-19 – atrás apenas dos EUA. “Portanto, o rechaço a Bolsonaro pelo povo brasileiro é imenso, como mostram todas as pesquisas.”

Lula afirmou que nunca se veria como presidente antes das eleições, o que seria um “grande erro. Mas destacou que está avaliando, “conversando com muita gente”, para decidir se será candidato. Disse ainda que “não descarta” que as forças conservadoras tentem impedir a sua vitória. No entanto, ressaltou que o desafio de governar e reconstruir o Brasil é maior do que vencer as eleições.

A batalha para restaurar a democracia plena no Brasil será difícil, mas sou otimista. O povo brasileiro já está farto dessa anomalia que estamos vivendo e um democrata será eleito em 2022″, afirmou.

Lula também afirmou que a América Latina deve se unir por um mundo que quer paz e não pode mais suportar a guerra. “Precisamos trabalhar um mundo de cooperação, equilíbrio e paz, com instituições internacionais representativas e efetivas”. Ele destacou que a questão ambiental, a pandemia e a desigualdade social exigem “reforma profunda da governança global”.

“Pátria Grande”

Acompanham Lula a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), os ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, e o senador Humberto Costa (PE).

Pelas redes sociais, o presidente do Morena – Movimento Regeneração Nacional, partido de AMLO –, Mario Delgado, ressaltou o encontro com Gleisi. Nesse sentido, ele afirmou que o “triunfo” da esquerda no Brasil tem “importância histórica” para toda a “Pátria Grande”, em referência aos países da América Latina.

Assista também reportagem da TVT


Leia também


Últimas notícias