Lula orienta Itamaraty a colocar Brasil ‘de volta à cena internacional’, diz Mauro Vieira
Segundo o novo ministro das Relações Exteriores, presidente eleito deve fazer até março viagens oficiais aos Estados Unidos, Argentina e China
Publicado 14/12/2022 - 17h39
São Paulo – Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (14), o embaixador Mauro Vieira, futuro ministro das Relações Exteriores de Luiz Inácio Lula da Silva, começou sua fala afirmando: “o presidente da República me pediu e me orientou a que eu traga o Brasil de volta à cena internacional”. O novo governo assume em 1° de janeiro.
Ele disse que não será possível ao presidente eleito viajar para Argentina e Estados Unidos antes da posse. “Ele tinha sido convidado para uma visita antes da posse à Argentina, mas infelizmente não foi possível, não houve tempo hábil para essa visita se realizar”, afirmou. “Da mesma forma que ele foi convidado para viajar aos Estados Unidos e não foi possível. Mas irá, já está acertado, a uma visita oficial aos Estados Unidos, da mesma forma que uma visita oficial à China, brevemente, no início do seu mandato, nos primeiros três meses, no máximo, imagino”, acrescentou.
Segundo Mauro Vieira, Lula considera que “o Brasil esteve ausente e que a politica a implementar é a de reconstruir pontes” com o mundo. Em primeiro lugar, com os vizinhos latino americanos, e em seguida a América Latina como um todo. O futuro chanceler informou que, entre as prioridades, está a retomada dos programas de cooperação com a África, com “relações intensas, solidariedade e cooperação”.
Acompanhe a entrevista de Mauro Vieira
EUA, China, União Europeia
Também está na agenda, pontuou o diplomata, reconstruir pontes com parceiros os parceiros tradicionais Estados Unidos, China e União europeia. “Queremos com esses países relação intensa, produtiva, mas equilibrada, soberana, (com) todas as possibilidades de cooperação e dentro dos interesses nacionais desenvolver todas as possibilidades de cooperação e trocas”.
De acordo com o novo chanceler, outra orientação de Lula é a retomada da atuação em alguns fóruns internacionais abandonados na praticamente extinta era Bolsonaro, como Celac e Unasul. A volta a esses organismos será, porém, com um “olhar novo, porque o mundo mudou, (mas) sempre baseado na solidariedade com vizinhos e visando a cooperação com os países em desenvolvimento”.
Meio ambiente
O embaixador informou ainda sobre duas iniciativas relativas a meio ambiente: como propôs na Cop 27, o presidente eleito quer fazer uma cúpula de chefes de estado da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e quer também que o Brasil seja o país sede da Cop 30 em 2025.
A OTCA é formada por oito países amazônicos: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, que assinaram o Tratado de Cooperação Amazônica.
Mauro Vieira anunciou que a diplomata Maria Laura Rocha será secretária-geral do Itamaraty. Trata-se, como afirmou o chanceler do “cargo mais alto da carreira diplomática”. Segundo ele, “a diplomata Maria Laura não precisa apresentações”. Entre outros cargos, foi embaixadora da Unesco e está atualmente em missão diplomática na Romênia.
Alívio no Itamaraty
A chegada de Vieira ao comando das Relações Exteriores é recebida com alegria no Itamaraty. No meio diplomático, a era Bolsonaro é classificada por ex-chanceleres e ministros de toda a Nova República como “diplomacia da vergonha”.
O ex-ministro Celso Amorim afirmou em 2021 que Ernesto Araújo, o ministro de Bolsonaro, era motivo de desconfiança generelizada. “Todos desconfiam dele, sejam pela ideologia ou por sua incompetência intelectual”. Com Bolsonaro e Araújo, o Brasil passou a ser considerado um pária no mundo.